Ponta Grossa – Saiu ontem o resultado do laudo da exumação do corpo do menino João Victor Baratella Matos, 4 anos, que morreu no dia 3 de maio, após uma cirurgia de amídalas e adenóide em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A morte foi causada por um barotrauma (traumatismo causado pela pressão em órgãos internos), que causou uma sutura de três centímetros no estômago. O laudo indica o crime de lesão corporal, mas tanto o Ministério Público quanto a Polícia Civil ainda não concluíram se houve culpa dos médicos que realizaram a cirurgia.

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A exumação ocorreu no dia 24 de maio no Cemitério Santo Antônio, em Ponta Grossa, após o registro de queixa na Polícia Civil pelos pais do garoto, a advogada Liciane Baratella Matos e o engenheiro civil Rozenildo Cidade Matos, que suspeitaram de erro médico. O médico legista, João Carlos Simonete, chegou a consultar a Justiça antes de efetuar a exumação para saber se faria o procedimento padrão ou elaboraria quesitos especiais. "Fui orientado a elaborar os quesitos básicos", afirma Simonete, adiantando que não cabe ao IML expressar se houve negligência do corpo clínico. Ele acredita que para uma análise profunda deverá ser contratado um perito.

O promotor de Justiça Fuad Faraj disse que o laudo aponta resultados objetivos e que a conclusão pela culpabilidade dos médicos vai depender de uma interpretação baseada em outros dados que serão coletados no decorrer do inquérito. "Ainda não posso afirmar se houve erro médico", fala. O delegado que iniciou o inquérito, Danilo Cesto, foi transferido para São Miguel do Iguaçu, e o caso foi repassado ao delegado Homero Vieira Neto, que ainda não consultou o processo. "Ele está no Ministério Público, mas acredito que pela repercussão o promotor nos mande logo", considera.

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João Victor teve complicações após a cirurgia. O abdome do menino estava inchado e ele foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com sangramento na boca e no nariz. Uma cirurgia corretiva foi feita, mas João Victor não resistiu.

Os pais cobram justiça e estão preparando uma campanha de sensibilização com a confecção de camisetas com a fotografia do garoto. Só após a conclusão do inquérito é que eles darão entrada em uma denúncia no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Já foram ouvidos pela Polícia Civil o anestesista Nilton Pedroso de Almeida e o cirurgião pediátrico Augusto Garofani, que negam responsabilidade na morte de João Victor. Procurados ontem, o cirurgião estava numa reunião e o anestesista disse que não tinha conhecimento do laudo do IML, mas que uma comissão interna do hospital está estudando as causas da morte.