Em meio à moda de crossfits e ginásticas funcionais que dominam as academias brasileiras, o engenheiro Guilherme Marques Silva levanta a bandeira da “neuróbica”. O termo, cravado por ele e pelo colega Ricardo Daniel Kossatz, é um neologismo brincando com o prefixo “neuro” (relativo ao sistema nervoso) e a palavra “aeróbica”, aquela ginástica clássica que dá uma trabalheira para o sistema cardiovascular. O palavra nova virou nome de um livro de exercícios, que será publicado em breve pela Ediouro.
PRATIQUE: confira série de exercícios para o cérebro
A ideia não é trabalhar com as regiões do cérebro, explica Silva, e sim com habilidades cerebrais. Isso porque o caminho percorrido pelos pulsos elétricos das sinapses (ligações entre neurônios) é mais importante na hora de exercitar as células cerebrais do que o local em que o neurônio está. Quando ativadas, as células do sistema nervoso produzem neurotrofina, substância que tanto as mantêm saudáveis como as protegem.
De acordo com a psicóloga Vivian Polikar, neurônios adicionais são recrutados cada vez que uma tarefa nova é desempenhada. Isso forma “novas conexões e fortalece a capacidade mental do indivíduo”. Licenciada para aplicar o método de treinamento BrainRx – que amplia a capacidade de aprendizado, leitura e memória do cérebro –, Vivian explica que o cérebro mantém a habilidade de mudar e se adaptar até a velhice, ao contrário do que os cientistas pensaram por muito tempo.
Incríveis
Se tudo der certo, o prefácio do livro Neuróbica, de Guilherme Silva, será assinado pelo apresentador Cazé Peçanha. A parceria foi possível graças ao gameshow Os Incríveis, da NatGeo. No programa, participantes com raciocínio extraordinário competiram entre si, cada um em sua área.
Guilherme Silva foi o vencedor do gameshow em abril deste ano. O gosto do curitibano pelos jogos de lógica surgiu no início dos anos 80. Piazote, resolveu seu primeiro cubo de Rubik (ou “cubo mágico”, para os não iniciados). Solucionar os problemas de Malba Tahan no clássico O homem que calculava para ele era uma diversão como jogar bola.
A paixão pela lógica o levou ao curso de Engenharia, mas foi na sala de aula, como professor de Matemática, que encontrou a real liberdade de brincar com os números. Foram 15 anos na docência até ceder para a engenharia, que é “um pouco mais engessada”. Em 2005, foi convidado para ser um dos representantes brasileiros em um campeonato mundial de lógica na Hungria. Em 2006, foi para a Bulgária. Atualmente, é servidor da Copel.
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