O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Cesar Grubba, admitiu pela primeira vez nesta quarta-feira (1º) que grupos criminosos estão por trás da onda de atentados no estado desde sexta-feira (26) e anunciou que pedirá a transferência de líderes das facções a penitenciárias federais.
Segundo Grubba, as equipes de investigação identificaram mandantes dos ataques "dentro e fora do sistema prisional". Ele não revelou números nem citou nomes de facções.
O secretário anunciou que pedirá apoio ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional) para transferir os suspeitos para penitenciárias federais. Nos ataques do ano passado, 43 criminosos foram levados para unidades de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO) pela Força Nacional de Segurança.
Grubba disse que não "há necessidade" de pedir ajuda à Força Nacional neste ano porque as polícias locais estão trabalhando bem e o governo do Estado "está fazendo tudo o que está ao seu alcance" para controlar a situação.Para o secretário, a motivação mais provável para os ataques é "a ação rigorosa do Estado" contra a criminalidade. De acordo com Grubba, mais de 200 membros de grupos criminosos foram presos no Estado desde 2012, e nos últimos três meses três toneladas de drogas foram apreendidas.
Carta
O secretário de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, Sady Beck Junior, confirmou nesta quarta-feira (1º) a existência de uma carta escrita por presos da penitenciária de São Pedro de Alcântara (a 30 km de Florianópolis) com queixas contra a administração da unidade.Escrita em agosto, a carta foi entregue nesta semana ao governo do Estado por uma juíza da vara de execuções penais. No texto, os presos pedem mais médicos, material de higiene e respeito a seus parentes nos dias de visita.
Beck disse que boa parte dos pedidos já foi atendida e acrescentou que não vê um elo entre as reivindicações dos presos e a nova onda de ataques no Estado.
No texto, reproduzido pelo jornal "Diário Catarinense", os presos dizem que a carta é "um manifesto pacífico dos reeducandos", mas lembram que "outras denúncias foram apresentadas no passado recente" e expostas "de forma radical".
A penitenciária de São Pedro de Alcântara é o berço do PGC (Primeiro Grupo Catarinense), considerado responsável pelas ondas de violência de 2012 e 2013, que somaram 182 ataques em 54 cidades do estado.