A fumaça causada pela queima de uma panela com querosene levou os comerciantes do entorno da Rua 24 Horas, no Centro de Curitiba, a chamar os bombeiros ontem pela manhã. Ao contrário do que os lojistas pensavam, não se tratava de um incêndio: o fogo tinha sido aceso por moradores de rua que usam o antigo cartão-postal como albergue e que precisavam se esquentar.
"É a segunda vez que isso acontece", diz Maria Atem, comerciante do Edifício Everest, localizado ao lado. O incidente chamou a atenção para a degradação da rua. As antigas 34 lojas atualmente se transformaram em quartos com colchões velhos, roupas, vidros quebrados e cheiro forte. "Difícil encontrar um cliente que não comente do mau cheiro", reclama Maria.
Outro problema relatado pelos comerciantes é a falta de segurança. "Eu orientei os seguranças que fechassem as portas mais cedo", informa Claudemir Augusto de Souza, administrador do Edifício Everest. Claudemir diz que assaltos são comuns. "Não existe segurança nem de dia e nem de noite".
Tanto Claudemir quanto Maria afirmam que a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável pelo espaço, não atua como deveria. "Além de serem usadas como dormitório, as lojas são usadas como motel. Sem falar no consumo de drogas. E até agora nenhuma atitude foi tomada", diz a comerciante.
A Urbs informou que mantém um serviço de vigilância terceirizado durante a noite e que guardas municipais fazem rondas durante o dia. Sobre as invasões, a Urbs diz que quando alguém é flagrado dormindo em alguma loja é imediatamente retirado. Durante o período em que a reportagem esteve no local, nenhum guarda municipal ou funcionário da Urbs foi visto.
Inaugurada em 1991 e fechada em 2007, a Rua 24 Horas tem 120 metros de extensão e foi a primeira rua coberta do Brasil. A Urbs informa que o projeto da nova Rua 24 Horas foi entregue na semana passada. De acordo com a assessoria de imprensa, o edital de licitação será lançado em breve e as obras começarão até o fim de 2009.