A auxiliar de enfermagem Eliene Soares Juvêncio, 53 anos, morreu na madrugada do dia 02 de agosto por insuficiência respiratória aguda, depois de esperar por três horas por uma ambulância. Ela era moradora do município de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, há 20 anos, e tratava de um câncer de mama há oito anos no Hospital Evangélico, na capital. A família reclama da falta de atendimento de ambulância que poderia ter apressado o tratamento da mãe e, possivelmente, evitado a morte.

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Depois de dois dias internada, Eliane teve alta no dia 30 de julho, e voltou para casa. Na noite de domingo (31), uma de suas filhas notou que a mãe estava com dificuldades para respirar e resolveu chamar uma ambulância para levá-la novamente ao Evangélico. A partir daí começou o drama da família Soares em busca de uma ambulância.

A filha Patrícia Soares imediatamente entrou em contato com o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergências (SIATE), às 22 horas. O atendente informou que o sistema só atende traumas e não poderia ajudar. Patrícia então resolveu ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Desta vez a atendente informou que não poderia ajudar, pois o município não está integrado com o serviço, mas passou os dois únicos telefones de Almirante Tamandaré que poderiam fornecer uma ambulância.

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O primeiro telefone é de um Consultório Médico particular que funciona de segunda à sexta-feira das 8h às 18h. O outro é da Secretaria de Saúde do município que presta atendimento também nos dias comerciais das 8h às 17h. Depois de mais de duas horas buscando uma ambulância e de muitas ligações em vão, um amigo do amigo do amigo de Patrícia, que é assessor parlamentar, conseguiu uma ambulância para levar Eliene ao Evangélico.

A auxiliar de enfermagem deu entrada no hospital às 02h40, quase cinco horas depois. "O revoltante é que quando precisamos não somos atendidos. Acredito que se minha mãe fosse levada na hora poderíamos ter protelado a morte dela", afirmou a filha Patrícia.

Secretaria de Saúde de Almirante Tamandaré

O diretor de saúde da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré, Luiz Carlos Cunha, informou que o município não está integrado ao SAMU. "Para ser integrado precisa ter um pronto atendimento 24 horas e todas as unidades de saúde devem prestar todo e qualquer atendimento básico, coisa que ainda não acontece. O Governo Federal que precisa autorizar. Está em andamento o projeto Qualisus que visa essa integração, que deve acontecer até o fim do ano", disse Cunha.

O diretor explicou que a família Soares deveria ter entrado em contato com a Central de Ambulância do município. A reportagem entrou em contato com o telefone citado por Cunha. A atendente informou que a central funciona de segunda à sexta-feira de 7h às 17h. Perguntada sobre como um paciente deveria procurar a central fora desse horário, a atendente informou: "Depois das 17h e nos fins de semana, as pessoas têm que ligar no celular dos motoristas da ambulância", contou.

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Álvaro Bernadi, um dos quatro motoristas da central, confirmou a forma de atendimento. "As pessoas me ligam no celular e eu vou até o local". Questionado sobre a possibilidade de algum morador do município não conhecer os números destes celulares, Bernardi apenas comentou: "Mas todos sabem. Eles são divulgados pela secretaria de saúde. O hospital daqui e a polícia sabem", concluiu o motorista.

Hospital Santa Edwiges

A atendente do único hospital público de Almirante Tamandaré informou que não existe nenhuma ambulância no hospital. "Quando é necessário, nós ligamos no celular dos motoristas da central de ambulância e eles nos atendem a qualquer hora".

SAMU

O coordenador técnico de regulamentação do SAMU, Vilmar Carlos Bello, explicou a forma de atendimento do serviço quando os municípios não são integrados. "A atendente de imediato repassa os telefones de atendimento do município", informou. Perguntado sobre os dois telefones passados, que não atendem depois das 18h e nos fins de semana, Bello disse que "é um problema administrativo da prefeitura de Almirante Tamandaré".

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Respostas

Cunha, diretor de saúde, informou que vai passar ao SAMU os telefones celulares para prestar atendimento mais imediato. E adiantou que a partir do dia primeiro de setembro, a central de ambulância vai funcionar 24 horas. "Além disso, vamos implantar um 0800 para facilitar a vida dos moradores de Almirante Tamandaré".

Não foram encontrados

O prefeito do município foi procurado pela reportagem, mas estava em reunião, assim como o secretário de saúde. A médica responsável pelo tratamento de Eliene não foi encontrada para comentar sobre caso a auxiliar tivesse sido atendida prontamente, se ela teria sobrevivido.

TelefonesCentral de ambulâncias: (41) 3698-4823 - de 7h às 17h.(41) 9215-6494 e 9215-6495

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Secretaria de Saúde de Almirante Tamandaré:(41) 3657-2444 SAMU e SIATE:192

Hospital Santa Edwiges:(41) 3036-7474