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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse que as críticas feitas aos ministros do Supremo por causa dos gastos com viagens advêm da “falta de compreensão” sobre as atividades dos magistrados. A declaração foi dada durante entrevista concedida por Barroso ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (10).
Na ocasião, Barroso também foi questionado sobre eventuais benefícios pessoais de ministros por conta da interlocução com empresários. Barroso disse que é “equivocado” achar que ministros estejam sujeitos a qualquer tipo de influência.
“Quanto aos eventos, eu acho uma falta de compreensão, que tem sido muito explorada recentemente. Os ministros não podem viver encastelados no mundo próprio, a gente conversa com a sociedade. Quando nós conversamos com empresários, há sempre uma repercussão negativa como se tivesse algo impróprio”, disse Barroso.
O tema foi tratado na entrevista por conta de situações recentes envolvendo gastos do ministro Dias Toffoli com segurança em compromissos pessoais e gastos com viagens do próprio presidente do STF.
Como noticiou a Gazeta do Povo, em janeiro de 2024, Barroso gastou quase R$ 1 milhão com voos em jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) nos três primeiros meses da presidência do STF.
Na semana passada, o ministro Dias Toffoli virou notícia após a Folha de São Paulo ter divulgado o gasto de R$ 39 mil pago em diárias a um segurança que acompanhou o ministro durante viagem à Inglaterra, onde Toffoli assistiu à final da Champions League direto de um camarote pago por um empresário.
A Folha também listou outros gastos na ordem de R$ 99,6 mil com segurança em outra viagem de Toffoli à Europa semanas atrás. As despesas com a viagem mais recente do ministro estão listadas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
Em entrevista ao Roda Viva, Barroso disse que não há “nada de errado em ter segurança em lugares privados”.
Após a repercussão do caso envolvendo o ministro Dias Toffoli, na semana passada, Barroso emitiu uma nota dizendo que os gastos com a segurança dos ministros “em todas as situações” são justificados por conta da “agressividade e hostilidade” que, segundo o presidente da Corte, tem sido fomentada contra autoridades públicas nos últimos anos.