Familiares de duas crianças estão vivendo dramas semelhantes. Nos dois casos, os meninos, de 1 e 8 anos, precisam fazer transplante e já conseguiram o que parecia ser o mais difícil: o doador compatível. Porém, eles ainda têm de esperar para poder fazer o procedimento médico por falta de estrutura no maior hospital público do Paraná, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal, considerado referência no país em transplante de medula óssea.
No caso do bebê Paulo Vinha, portador de uma doença genética rara e que veio de São Paulo para fazer o tratamento em Curitiba, o atendimento poderia ser ágil não fosse a carência de funcionários para colocar em funcionamento a área pediátrica de Transplantes de Medula Óssea (TMO) do HC. Ela já foi inaugurada há dois meses, mas só começará a atender após a contratação de servidores. Segundo a médica Carmem Bonfim, hematologista e responsável pelo TMO, o caso do menino é grave, mas o transplante já está agendado para ocorrer na próxima semana na unidade geral do serviço, que atende adultos e crianças.
Já a família de Lorhan Bernardo, de 8 anos, de Ponta Grossa, terá de esperar mais um tempo: o atendimento só está agendado para o início do ano. Há seis anos, ele luta contra a leucemia. A avó Judith Bernardo diz que a espera pela cura do menino, que já dura 6 anos, é angustiante e que eles imaginavam que ela havia chegado ao fim quando receberam a notícia de que um doador havia sido localizado. "Pulamos, gritamos e agradecemos a Deus."
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Lorhan precisa aguardar na fila até a liberação de um leito no HC o único cadastrado para fazer esse tipo de procedimento nas condições do paciente. "A gente entende que tem gente na frente. Mas queríamos aproveitar que ele está bem para fazer o transplante", diz Judith. Ela conta que o neto precisa tomar medicação forte e se submete a seções de quimioterapia a cada três meses. "Ele vai para a escola e brinca. Só não pode correr risco de se machucar, porque a imunidade dele é muito baixa."
Ala pediátrica
O diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, não tem previsão de quando a ala pediátrica que foi inaugurada há dois meses começará a funcionar. Ele lembra que a contratação de servidores só pode ocorrer por concurso e não há previsão para isso. "Precisaríamos de cerca de cem funcionários para os cinco leitos disponíveis", informa. O último concurso aconteceu em 2006, quando foram contratados 47 funcionários.
"Dá um desespero saber que não há verba para abrir um local que tem estrutura e que pode vir a beneficiar tantas crianças. Sinto como se tivesse uma guilhotina em minha cabeça", lamenta a fisioterapeuta Adriana Vinha, 31 anos, mãe de Paulo. Ela sabe que o filho não pode esperar muito. "A cada semana que passa, suas chances vão diminuindo", diz a hematologista Carmen Bonfim. Apesar disso, ela diz que há motivos para otimismo: "O empenho da mãe e a sensibilidade do Registro Nacional de Doadores fez com que se conseguisse dois doadores do Banco Internacional de Cordão Umbilical, nos Estados Unidos, e as chances de recuperação são de 80% a 90% após a cirurgia ser feita."
Paulo sofre de uma doença metabólica que atinge uma a cada 500 mil crianças, denominada imunodeficiência combinada grave, onde há o comprometimento do sistema imunológico. A doença foi diagnosticada aos seis meses e, a partir daí, ele foi mantido sob isolamento para impedi-lo de contrair doenças infecciosas.
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