Quase um ano após a vistoria da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que expôs as deficiências na estrutura do Instituto Médico Legal (IML) no Paraná, o órgão conseguiu alguns avanços. Entre eles o aluguel de novas viaturas e o sepultamento de corpos dentro do prazo legal de 30 dias. A falta de funcionários e equipamentos mais modernos, no entanto, continua. O IML conta com cerca de 70 médicos legistas de carreira, 30 toxicologistas e químicos legais e 45 auxiliares de anatomia e necrópsia para todo o estado. O quadro precisaria dobrar, segundo o Sindicato de Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná (Sinpoapar).
Em todo o estado, o IML recebeu 25 novas viaturas. Também foram contratados, em caráter de urgência, 38 médicos legistas, 30 auxiliares de perícia, e 52 motoristas via processo seletivo simplicado, segundo a Secretária Estadual de Segurança Pública (Sesp). Todos os funcionários estão locados nas 17 seções do IML do interior, exceto cinco motoristas nomeados em Curitiba.
Mesmo assim, o reforço no quadro pessoal não agradou ao sindicato. "O que o estado fez no início do ano passado foi contratar funcionários temporários, motoristas e auxiliares de necrópsia. Precisamos dobrar o quadro". A falta de funcionários causa sobrecarga. Médicos legistas são obrigados a levar trabalho para casa para dar conta da demanda.
No interior, em cidades pequenas, a situação é mais crítica, porque os médicos que atuam no órgão são contratados pelas prefeituras e não são funcionários de carreira, segundo o sindicato. Em algumas cidades, o IML está no limite. Em Foz do Iguaçu, todas as quatro gavetas usadas para armazenar cadáveres estão ocupadas desde o início do mês em razão da demora de familiares para identificar os corpos.
As deficiências na infraestrutura também persistem. A presidente da Associação dos Médicos Legistas do Paraná, Maria Letícia Fagundes, diz que é preciso adquirir mais cromatógrafos equipamento utilizado para fazer análises de material coletado. Para análise de entorpecente só há um em todo estado, o que compromete o trabalho. Uma saída, segundo ela, seria fazer convênio com empresas em Curitiba que dispõem do equipamento. "Quando existe dosagem de entorpecente o laudo sai em 70 dias, porque a máquina não dá conta da demanda", afirma. A médica ainda sugere que serviços de química e patologia, hoje feitos apenas em Curitiba, também passem a ser realizados em cidades do interior para desafogar a capital.



