Estrutura
Prioridade é utilizar a capacidade dos espaços já existentes
A estimativa da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) é que os dois Clubes da Gente inaugurados estejam funcionando com apenas metade da capacidade física. São cerca de mil alunos em cada clube, na soma de todas as modalidades. "Uma das coisas que não foram planejadas no início do programa foi o impacto da operação e manutenção dos Clubes da Gente, que foram inaugurados sem previsão orçamentária", afirma o secretário Aluisio de Oliveira Dutra Junior. O orçamento da pasta para 2013 é de 0,6% do orçamento total da prefeitura perto de R$ 66 milhões.
A maioria dos professores de Educação Física dos clubes e funcionária da Secretaria Municipal de Educação relocada para a pasta de Esporte e Lazer. Segundo Dutra, a prioriedade é fazer com que os dois espaços passem a a operar em plena capacidade e só depois ampliar a rede.
Política pública
Para Simone Rechia, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Espaço, Lazer e Cidade, vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR), casos como o do Clube da Gente exemplificam erros na formação de políticas públicas municipais para o setor. "Inexiste um diálogo com a comunidade para saber qual é a característica e a necessidade de cada região", analisa.
Uma das principais críticas é que Curitiba registra uma lenta escalada nos programas de esporte e lazer. Das canchas de areia às academias ao ar livre, as propostas se sobrepuseram sem jamais formar uma política pública unificada e coerente. "Nos países desenvolvidos, as duas questões são entendidas como interligadas. Esporte e lazer contribuem para reduzir índices de doença e violência", relata Simone.
R$ 6,5 milhões
é o custo de implantação de cada unidade do Clube da Gente. O programa é financiado pelo BID.
Um espaço com design arrojado, piscinas semiolímpica e de hidroginástica aquecidas, salas de ginástica, além de banheiros, cozinha e vestiários. Aberto também à noite e aos fins de semana. A descrição faz lembrar uma academia de alto padrão ou um condomínio, entretanto, descreve uma unidade do Clube da Gente, programa da prefeitura de Curitiba lançado em 2010 que planejava a construção de nove centros de natação nas regionais da cidade. Os imóveis deveriam ser entregues até o fim do ano passado, mas, até agora, apenas dois clubes foram inaugurados: o do Bairro Novo, pertencente à regional do Sítio Cercado, e o do Caiuá, na Cidade Industrial.
Ambos vêm sofrendo com a falta de professores para ministrar as atividades. Com isso, operam abaixo da capacidade permitida, aumentando ainda mais a quantidade de interessados não atendidos. Existe fila de espera, e algumas pessoas chegam a vir de outros bairros para tentar uma das vagas, segundo coordenadores e atendentes dos dois clubes que conversaram com a reportagem. Também há problemas recorrentes de manutenção, que forçam a interdição das piscinas por semanas, e até meses seguidos.
Neste ano ainda não ocorreram aulas nas piscinas em nenhum dos clubes por causa de um empecilho no contrato com a empresa responsável pela limpeza da água. No Caiuá, também houve problemas no rejunte dos azulejos e a piscina teve de ser esvaziada. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), as questões seriam resolvidas ainda nesta semana.
Em setembro de 2011, a Gazeta do Povo noticiou que a piscina principal do clube do Bairro Novo estava fechada havia sete meses, desde que foi constatado que o sistema de aquecimento não dava conta das temperaturas do inverno curitibano. O atual secretário de Esporte, Lazer e Juventude, Aluisio de Oliveira Dutra Junior, evita se posicionar sobre a não construção dos outros sete Clubes da Gente prometidos pela administração passada.
"Vamos dar sequência ao que já estava contratado junto ao BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento, financiador do programa]", garante. A unidade do Tatuquara tem entrega prevista para o primeiro semestre de 2014. Atualmente, os espaços em Santa Felicidade e Boa Vista passam por licitação e as obras devem começar ainda este ano. Cada unidade custa, em média, R$ 6,5 milhões.
Rede
Ainda segundo o secretário, a estrutura para esportes aquáticos será complementada aos espaços com piscina já existentes, como os Centros da Juventude Audi-União e Eucaliptos (Boqueirão), além da praça Oswaldo Cruz, no Centro.
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