As muitas incertezas que envolvem o zika vírus e a relação com o surto de bebês com microcefalia nos estados do Nordeste levaram a dona de casa Thais Mira a desistir de engravidar neste ano. “A ideia é esperar até metade do ano que vem para voltar a tentar engravidar. Até lá, acredito que já vamos saber mais sobre esse vírus e o que está causando esse surto de microcefalia”, afirma.
Aos 29 anos e mãe de uma menina de 2, ela diz que pretendia ter o segundo filho antes dos 30, “mas não vai dar”. Ela conta que a decisão foi tomada junto com o marido, que estaria receoso com toda a situação.
“Assim que começaram a noticiar o aumento de casos de microcefalia, a gente decidiu esperar para ter mais respostas.” Parte do medo, afirma Thais, se deve a uma experiência de vida. Em abril do ano passado, ela perdeu um bebê e agora não quer correr o risco de algo dar errado novamente.
Assim como ela, outras mulheres também estão adiando os planos de gestação por causa do zika. Na Colômbia e em El Salvador, os governos locais orientaram as mulheres a adiarem os planos de gestação até a epidemia passar e se ter mais respostas sobre como o vírus age no corpo da gestante. Essa recomendação, porém, é polêmica.
No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que esse tipo de decisão deve ser tomada pela mulher e sua família. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também não emitiu qualquer orientação para que se evite a gestação. A recomendação às mulheres em idade reprodutiva e que estão em áreas onde o vírus circula é que se previnam para evitar a picada do mosquito.
Um ponto que pesa na decisão de adiar ou manter os planos de gravidez é a idade da mulher e a queda na fertilidade após os 35 anos. Para os médicos, é preciso avaliar o quanto adiar a gestação vai significar mais dificuldades para engravidar no futuro e quais os riscos da mulher ser contaminada pelo zika. (CO)