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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Patrimônio histórico e cultural do estado, a Estação Ferroviária de Paranaguá, no Litoral do estado, está abandonada e servindo de abrigo para moradores de rua. O prédio, de arquitetura neoclássica, foi inaugurado em 1855 pela Princesa Isabel. Ele foi interditado pela Defesa Civil do município no inicio do mês. A decisão foi embasada em laudos de engenheiros da prefeitura que apontaram riscos de desabamento. De acordo com o documento, o madeiramento do telhado estaria comprometido pela ação de cupins.

Com a interdição, a Serra Verde Express, que detém a concessão para exploração do local, decidiu suspender a locomoção de trens de passageiros e da litorina à estação. O trajeto da estrada de ferro Curitiba–Paranaguá está sendo finalizado em Morretes. As condições da estação refletem uma disputa entre a prefeitura de Paranaguá, o governo federal e as empresas América Latina Logística (ALL) e Serra Verde Express.

A prefeitura pretende tomar posse da estação em troca de uma dívida de R$ 1,6 milhão em impostos municipais não recolhidos pela extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), cuja massa falida é administrada pelo Ministério dos Transportes. O município também acusa a ALL – que detém a concessão da estrada e da estação e repassa, por um acordo operacional, o transporte de passageiros à Serra Verde – de causar prejuízos ao turismo ao priorizar o tráfego de trens de cargas. Segundo o prefeito de Paranaguá, José Baka Filho, a viagem que deveria ser de 3h30 é fetia em 5 horas. "No quilômetro 5, a composição com passageiros fica parada esperando a movimentação dos trens de carga. Nenhum turista quer ficar esperando e, para piorar, quando o trem chega em Paranaguá retorna em seguida para Curitiba em menos de uma hora. Neste período ninguém tem tempo para se deslocar pela cidade", diz Baka, reclamando ainda que a Serra Verde não cumpre seus itinerários com regularidade. "Usaremos todas as medidas para resolver esta situação, inclusive judiciais", ameaça o prefeito.

A prefeitura tenta obter a posse do imóvel desde 2002. Baka afirma que a prefeitura já tem projeto e recursos para revitalizar o prédio. O valor da reforma seria de R$ 960 mil.

Em nota, a ALL afirma que a circulação de trens de passageiros tem sempre preferência, conforme o contrato de concessão com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). "Eventuais atrasos na movimentação são absolutamente involuntários, em virtude da complexidade e peculiaridade da operação ferroviária", informa a nota. A ALL afirma que mantém o trecho em excelentes condições de tráfego, uma vez que é o principal corredor de movimentação de cargas da Região Sul e a única ligação ferroviária com o Porto de Paranaguá.

Parceria

A Serra Verde Express assinala, pela assessoria de imprensa, que a interdição da estação poderia ter sido evitada. Segundo a empresa, vários ofícios foram encaminhados à prefeitura neste ano para discutir parcerias para o fortalecimento do turismo na cidade. A empresa apresentou cópia de um oficio encaminhado ao prefeito em agosto em que o presidente da empresa, Adonai Aires de Arruda, se dispõe a traçar um cronograma de urgência para adequar a estação ao turismo durante a Festa do Rocio, que acontece no próximo mês, e para a temporada de verão 2008. No documento, Arruda destaca que "a demora incidirá em riscos de uma melhor adequação à operação requerida". Até o fim da semana passada, a prefeitura não havia se posicionado sobre o ofício, segundo a assessoria da Serra Verde.

Sem o posicionamento da prefeitura, a reforma no prédio e a reativação da estação não são prioridade imediata da Serra Verde. A assessoria de imprensa da empresa informa que faz investimentos em busca de resultados. A Serra Verde alega que o trajeto até Paranaguá é deficitário e que 80% dos passageiros preferem fazer a última parada em Morretes. De acordo com Arruda, a empresa investiu em 2004 cerca de R$ 350 mil na readequação do prédio.

Em março, a Serra Verde teve o contrato de concessão renovado pela ANTT por dez anos. O contrato prevê a obrigatoriedade de preservação do patrimônio incluído na concessão.

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