A Sociedade Protetora dos Animais, que há quase três décadas cuida de cães e gatos sem lar em Curitiba, precisa de ajuda. Pressionada pelos vizinhos para deixar o local onde hoje funciona e atolada em dívidas, a entidade não-governamental não tem dinheiro para fazer a nova sede em um terreno próprio em Colombo, na região metropolitana da capital. "Ainda temos 11 prestações do terreno e nenhum material para construir", diz a presidente da sociedade, Enid Bernardi, acuada pela vizinhança.

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Eles reclamam da poluição sonora causada pelos cerca de 600 cães e gatos que vivem no abrigo, localizado no bairro Santa Cândida. Tanto que um abaixo-assinado foi enviado ao Ministério Público. "A Sociedade Protetora dos Animais faz um bom trabalho, mas o problema está na localização, que atualmente não possui alvará de funcionamento da prefeitura", conta o promotor de justiça do Meio Ambiente, Sérgio Cordone. "Com a aquisição do novo terreno esse problema deve ser resolvido", acredita.

"Não há possibilidades de fazer as obras por enquanto", descarta Enid. "Precisamos de ajuda com doações de material de construção, pois ainda temos que pagar o restante do terreno e as dívidas com fornecedores", conta. A presidente informa que toda doação é bem vinda, principalmente se for de ração, sabão em pó, água sanitária, algodão, papelão ou jornais.

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De acordo com ela, as dívidas ultrapassam os R$ 15 mil. "E ainda temos que pagar o aluguel da casa atual, R$ 1,8 mil", completa. O novo local já possui a autorização prévia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), porém a licença para instalação ainda não foi protocolada no órgão ambiental.

Há 28 anos, a entidade hospeda, alimenta e fornece atendimento veterinário a animais abandonados que chegam de todo o estado. "Temos uma clínica veterinária aberta à comunidade, mas o que vemos diariamente são pessoas que entram com seus animais, dizem que vão pegar algo no carro e não voltam mais", lamenta Enid. "Até mesmo no nosso novo terreno já temos três dezenas de animais que foram literalmente jogados para o lado de dentro", conta.

De cada dez novos animais abrigados diariamente, apenas a metade é adotada. "Temos cães e gatos de vários tamanhos e raças. É só chegar, escolher e doar um saco de ração de boa qualidade", informa Enid. "Mas ainda há gente que liga aqui e diz ‘venha buscar meu cão’, como se a gente tivesse essa obrigação", reclama. A veterinária Flávia Pereira, que trabalha na entidade, reforça. "Vemos muito descaso e violência. É preciso uma conscientização da sociedade, que deve entender que os animais também sentem dor, têm necessidades e sentimentos."

O que falta, segundo Enid, é compaixão e carinho com os bichos. "Dizem que determinadas raças são muito bravas. Não são. Elas agem conforme são criadas. O animal é o espelho do dono", acredita.