O Corpo de Bombeiros não tem equipamento adequado para combater incêndios de grandes proporções em Curitiba e região metropolitana. O incêndio que tomou conta do andar superior de três lojas de embalagens, na segunda-feira passada, no Centro da capital, foi contido com o apoio de uma cesta improvisada na ponta de uma escada Magirus. O arranjo foi usado para levar um bombeiro para cima e combater as chamas do alto. O equipamento substituiu a plataforma aérea de combate a incêndio, inutilizada desde 1.º de dezembro de 2010.
O aparelho encostado, usado por mais de 20 anos, aumentaria o risco dos bombeiros em razão de uma falha elétrica na cesta onde o profissional fica durante o incêndio. A falta da máquina faz ainda com que os bombeiros percam tempo colocando a cesta na escada. A função da Magirus é resgatar vítimas de prédios altos e normalmente também é usada para retirar vítimas de edifícios antigos ou locais onde a única saída possível acaba sendo a janela. A escada, com cerca de 50 metros, só tem o movimento duplo de subir e descer e não tem a mobilidade nem a altura necessária que a plataforma possui.
Além da cesta, os bombeiros também perdem tempo preparando a mangueira para o trabalho com a escada. A plataforma já conta com sistema de mangueira acoplado à cesta. O bombeiro só precisa entrar no cesto e três braços articuláveis se desdobram, elevando o profissional para conter as chamas.
Segundo um capitão do Corpo de Bombeiros, que preferiu não se identificar, a plataforma é ideal para apagar o fogo. "Ela é pronta, com sistema da mangueira conectada. Facilita porque é articulada e tem cerca de 90 metros. A escada não. A gente precisa muito dela [da plataforma]", explica.
A falta do equipamento foi confirmada pelo comandante dos bombeiros em Curitiba, tenente-coronel Luiz Henrique Pombo. Na opinião dele, seriam necessárias mais duas plataformas para atender cerca de 5 milhões de habitantes de Curitiba e região. Hoje, de acordo com ele, se houver dois incêndios de grandes proporções em toda região ao mesmo tempo não há como trabalhar apenas com a escada Magirus.
Problema judicial
O ex-governador Orlando Pessuti chegou a autorizar a compra de três plataformas aéreas de combate a incêndios. Foram liberados R$ 6,7 milhões para a aquisição dos equipamentos. Porém, a compra não foi feita até agora. Segundo Pombo, uma empresa italiana, derrotada na licitação, entrou na Justiça embargando a concorrência. "Quem sai no prejuízo é a população", afirma o oficial. O caso está em análise na Procuradoria-Geral do Paraná, segundo ele. "Uma empresa ganhou a licitação e atende a todas as necessidades. A outra não", conta Pombo.
Uma das plataformas deveria seguir para Londrina, onde o equipamento também está velho. As outras duas atenderiam toda a demanda de Curitiba e região. A plataforma velha poderia até ser reformada e colocada para funcionar em uma cidade de menor porte. No entanto, de acordo com o tenente-coronel, os bombeiros deverão rever a manutenção do equipamento inutilizado para fazê-lo voltar a funcionar. "Temos que ver se vale à pena". O embargo judicial pode fazer com que uma nova licitação seja iniciada, o que atrasaria ainda mais a compra das plataformas.
Cada plataforma aérea custa em torno de R$ 1,5 milhão. Segundo os bombeiros, o Brasil não fabrica estruturas adequadas da plataforma e, normalmente, empresas estrangeiras fornecem o equipamento aos brasileiros. A Finlândia é um dos maiores fabricantes da plataforma.
Incêndio
A gerência do depósito de embalagens, onde o incêndio de segunda-feira passada teria iniciado, ainda não se manifestou sobre o que poderia ter causado o fogo. Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) já analisaram o local. Os proprietários das lojas devem aguardar o resultado da análise do órgão para falar sobre o caso. O prazo para a conclusão do laudo é de 30 dias.
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