A Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai, é uma região estratégica para a integração dos países que formam o Mercosul. Projetos conjuntos entre os três países são continuamente implementados para melhorar a relação em diversas frentes, como comércio, segurança e turismo. Os discursos para derrubada das fronteiras, porém, esquecem de um fator importante para o sucesso das iniciativas: as pessoas. Apesar da proximidade física, o brasileiro é diferente do paraguaio, que é diferente do argentino. As culturas, valores e maneiras de agir são distintos. Como pensar em integração comercial se a relação cultural fica em segundo plano?
O presidente do Instituto Pólo Internacional do Iguassu, Faisal Saleh, reclama que as autoridades dos três países priorizaram as questões comerciais e esqueceram de discutir as regras de convivência harmônica na fronteira. Em vez de se tentar criar um ambiente de integração entre os povos, analisa ele, na região ainda impera o preconceito. Não foi feito um trabalho de educação e formação para que as pessoas que vivem na fronteira aceitassem e respeitassem as diferenças. "Quando falam na Região Trinacional, focam apenas nos problemas. Desde que foi criado o Mercosul, só mandaram para Foz do Iguaçu policiais e fiscais da Receita", diz
Segundo Saleh, essa falta de integração cultural comprometeu os resultados comerciais. "O progresso poderia estar em um ritmo muito mais acelerado", afirma. A professora de Antropologia da UDC e pesquisadora do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (Ceaec), Nara Oliveira, diz que a falta de uma política voltada para a integração entre os povos aumenta a violência. "Quando não há um trabalho de educação, as pessoas acabam agredindo o que é diferente, aumentando a tendência do preconceito étnico", analisa a professora.
Nara diz que, há cerca de cinco anos, surgiu um movimento de pessoas que começaram a discutir a ausência de políticas de integração cultural. Essa iniciativa passou a envolver as instituições de ensino superior, que encamparam as discussões. Organizações, como o Instituto Pólo Internacional do Iguassu, também passaram a realizar projetos de educação que direcionassem o trabalho na diversidade. "Foz do Iguaçu pode servir como um dos melhores laboratórios de pesquisa do mundo sobre a diversidade cultural. Temos de reconhecer essas diferenças como valor", diz Nara. Além das três nacionalidades convivendo juntas, foram identificadas em Foz do Iguaçu mais de 60 etnias.
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