Rio de Janeiro - O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou ontem a liberação de R$ 40 milhões para o pagamento de aluguel às vítimas da chuva que estão desabrigadas ou desalojadas na região serrana do estado. O governo vai dar entre R$ 400 e R$ 500 por família para custear o aluguel, mas em Teresópolis, uma das cidades mais atingidas pelos temporais da semana passada, o mercado imobiliário já deu um aviso: não haverá casa para todo mundo e os imóveis disponíveis terão o valor da locação reajustado. Teresópolis tem hoje 5.058 desabrigados e 6.210 desalojados.
Segundo o governo do estado, o programa Aluguel Social se estenderá a todas as cidades atingidas. Os moradores de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo receberão o beneficio de R$ 500 mensais. Já os desabrigados de Areal, Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto ganharão R$ 400.
Apesar do anúncio, donos de imobiliárias e corretores da cidade garantem que o mercado de aluguéis em Teresópolis não tem como absorver as pessoas que receberão a ajuda. "A ideia é boa, mas o mercado já está saturado. Não temos tantas casas para alugar, disse Reinaldo Abreu, corretor de uma das maiores imobiliárias da cidade. A maioria dos empresários do setor não trabalha com locação. Eles preferem atuar na compra e venda.
A dona de uma imobiliária da cidade, que não quis se identificar, disse que o mercado aqueceu nos últimos dias. Ela contou que alugou oito casas nesta semana, com o valor médio de R$ 500.
Até que os recursos do aluguel social sejam liberados, a expectativa é que os poucos imóveis disponíveis já tenham sido alugados possivelmente por valores acima dos previstos pelo governo no programa.
O benefício será pago ao desabrigado por 12 meses. Segundo o governador Cabral, os beneficiados serão integrados aos programas habitacionais que deverão ser viabilizados pelas prefeituras, com o apoio dos governos estadual e federal.
Segundo dados da prefeitura, Teresópolis tinha um déficit habitacional de mil moradias antes da tragédia. O tamanho desse problema após as chuvas ainda não foi contabilizado.
Queda de helicóptero
Um helicóptero Esquilo do Batalhão de Aviação do Exército, que apoiava operações de resgate da Cruz Vermelha na região serrana do Rio, tombou no início da tarde de ontem quando ia pousar em uma área agrícola de Nova Friburgo.
A queda foi provocada por uma rajada de vento na lateral, que deixou a aeronave fora de controle quando ela estava a 5 metros do chão. O piloto conseguiu aterrissar sobre uma montanha de esterco. Estavam a bordo três militares, o coordenador da Cruz Vermelha em Teresópolis, Herculano Abrahão, e Ricardo Raposo, ouvidor da prefeitura de Teresópolis. Ninguém ficou gravemente ferido.
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, os cinco foram atendidos no Hospital de Campanha montado em Nova Friburgo e seriam submetidos a exame de tomografia computadorizada. Raposo e Abrahão foram transferidos para o Hospital Municipal Raul Sertã. Estavam lúcidos e apresentavam quadro estável.
IML
Um acordo entre o governo e a prefeitura de Nova Friburgo prevê a construção de um Posto Regional de Polícia Técnico-Científica, que inclui um novo Instituto Médico-Legal (IML). O acordo também prevê a abertura do IML de Cordoeira, interditado desde julho do ano passado a pedido do Ministério Público, após a realização de obras de adaptação.
Confira os locais mais atingidos pela tragédia:
Veja na galeria as fotos da tragédia: