A elucidação do caso do latrocínio cometido contra o taxista Sérgio Luis Mendes, 47 anos, chamou a atenção para a falta de informações estatísticas sobre esse tipo de crime em Curitiba e na região metropolitana. A morte de Mendes foi o terceiro latrocínio a ganhar destaque na capital em fevereiro, mas os crimes de roubo seguido de morte não entram nos cálculos da Secretaria de Estado da Segurança Pública. A real dimensão desse tipo de ocorrência é impossível de conhecer, pela falta desta tipificação no relatório de geoprocessamento. Sem estatísticas, resta à polícia recomendar cautela às vítimas, para evitar consequências mais graves.
Para o coronel da Polícia Militar Roberson Luiz Bondaruck, autor de livros sobre segurança pública, 99% dos crimes de latrocínio são cometidos porque a vítima teve algum tipo de reação ou deu a entender que reagiria, ainda que não fosse sua intenção. Às vezes, um movimento brusco basta para um assaltante inexperiente atirar, como no caso do taxista. Além disso, os assaltantes não mantêm o mesmo modo de operação para não serem descobertos, dificultando as investigações.
Assim, Bondaruck avisa que os lugares mais suscetíveis a esse tipo de crime são pontos com pouca visibilidade, em ruas mais estreitas, com vegetação fechada e mal conservada. "O comportamento da vítima determina o desfecho da ocorrência", lembra o coronel. Para ele, a prevenção pessoal é essencial para evitar tal tipo de crime. "Infelizmente, as pessoas acham que só a presença policial é importante", diz.
Enquanto isso, a polícia depende da boa vontade de testemunhas para chegar ao criminoso. Para o delegado da Furtos e Roubos, Luis Carlos de Oliveira, falta participação da sociedade. Casos como o de Mendes mostram que os envolvidos são ladrões inexperientes e que, se não houvesse o medo de delatar por parte das testemunhas, o resultado seria mais rápido e eficiente.
O presidente do Sindicato dos Taxistas de Curitiba, Pedro Chalus, rebate: se a população não denuncia, é porque perdeu a confiança na polícia. Ele conta que diariamente ocorrem 15 assaltos cometidos contra taxistas, mas somente um terço deles acaba em boletim de ocorrência. "Estamos sem segurança", reclama.
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