Embora as autoridades francesas já descartem a hipótese de encontrar vivo o empresário curitibano Marcos Luszczynski, 32 anos, a família e os amigos ainda esperam que ele tenha sobrevivido. O alpinista desapareceu enquanto tentava escalar o Mont Blanc (ponto mais alto da Europa, com 4.804 metros de altitude, na fronteira entre a França e a Itália), no começo de novembro, e os parentes contam com uma busca mais intensa por terra, em vez dos vôos de helicóptero que a polícia francesa tem usado nas procuras. "Acho que se ele estivesse em algum lugar de onde pudesse ser visto de cima, já teria sido encontrado", diz Patrícia dos Santos, amiga e sócia de Luszczynski.

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O capitão Stéphane Bozon, da Polícia de Alta-Montanha de Chamonix (França), afirmou ontem que, se o curitibano caiu em uma das fendas que existem no monte, possivelmente ele nunca será encontrado. Patrícia diz que, como não houve fenômenos como avalanches nos dias em que Luszczynski estaria na montanha, o empresário pode ter passado por alguma ponte de neve e caído em alguma fenda.

A mesma hipótese foi levantada por Nelson Pudles, do Corpo de Socorro em Montanha (Cosmo). "Se ele não se machucou, tem chances de estar bem, mas em um local de onde não pode ser visto do alto. Sabemos que ele partiu com muito equipamento, até mais do que o necessário", diz Pudles. Patrícia ainda disse que, segundo informações passadas a ela pela polícia francesa, Luszczynski teria comprado muita comida antes de começar a escalada.

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A procura é realizada diariamente por um corpo especial da polícia francesa, especializado em busca e salvamento em regiões montanhosas. "Eles entram em contato conosco mais de uma vez por dia", diz Andréia Luszczynski, irmã do empresário. Se a polícia não encontrá-lo antes do domingo, o trabalho será mais complicado, porque a previsão do tempo indica neve e os vôos de helicóptero não poderão mais ser realizados. Atualmente, o tempo está bom, mas os ventos impedem que as aeronaves se aproximem demais da montanha.

Luszczynski tinha ido à Alemanha para participar de uma feira de material de alpinismo – ele é proprietário de uma empresa especializada em segurança no trabalho e cursos de escalada. Aproveitando a estadia na Europa, escalaria o Mont Blanc, e passou pelo ponto culminante da Alemanha, o Zugspitze, antes de chegar à cidade francesa de Chamonix. De lá, o alpinista mandou o último e-mail, no dia 4, e conversou com Patrícia pela internet. Na mensagem, afirmava que a escalada em novembro não é comum. "Isso também atrapalha nas buscas. Durante a temporada, nos meses do verão europeu (junho a setembro), os refúgios estão on-line, mas não nessa época do ano", diz Patrícia.

Na falta da internet, Luszczynski deixou um recado no refúgio, hábito comum entre alpinistas, no dia 7. "Estou vivendo momentos mágicos aqui", escreveu na mensagem encontrada pelo pelotão de buscas francês. Depois do contato do dia 4, família e amigos sabiam que o empresário não mandaria notícias por algum tempo, já que a escalada toda leva pelo menos uma semana, se o tempo bom permitir. A preocupação, afirma Patrícia, veio quando ela soube que o amigo não estava no vôo de Milão (Itália) para São Paulo no dia 17, e não havia remarcado a passagem."Foi quando começamos a procurar a polícia e os consulados brasileiros na França, Alemanha, Itália e Suíça", diz.

Pudles conhece o empresário e os dois já escalaram o Marumbi juntos. "De uns dois anos para cá, ele tem se dedicado mais e me pediu dicas sobre o Mont Blanc. Eu não sei exatamente qual é a experiência dele com gelo", afirma. Andréia conta que Luszczynski já havia conquistado o Aconcágua, o ponto mais alto das Américas, com 6.959 metros de altitude, há cerca de 10 anos.

O coordenador-técnico do Cosmo também já tentou conquistar o Mont Blanc, mas o tempo ruim o impediu de fazer a escalada."Não é uma subida das mais difíceis, tanto que essa é uma das montanhas mais escaladas do mundo", diz. Segundo a polícia francesa, de 30 a 40 pessoas morrem anualmente no monte. "Parece um número grande, mas temos que considerar que muita gente tenta subir. A porcentagem de acidentes não é muito diferente de outras montanhas. Além disso, por não ser uma escalada tão complicada, pessoas com menos preparo também aparecem lá", explica Pudles.

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