Depoimentos de moradores da Rocinha à Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro indicam que a família do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43, já vinha enfrentando problemas com os policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na favela, na zona sul.
Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, após ter sido levado para a sede da UPP por quatro PMs. O delegado Rivaldo Barbosa concluirá nos próximos dias o relatório sobre o caso e, segundo a reportagem apurou, deverá pedir a prisão do ex-comandante da UPP no local, major Edson Santos, e de outros quatro policiais.
Segundo os depoimentos obtidos pela Folha de S.Paulo, a mulher de Amarildo, Elizabeth Gomes da Silva, 48, tinha reclamações constantes contra a ação policial na rua 2, no interior da Rocinha, onde a família morava.
"Tem que matar essa mulher porque ela está "causando" muito, falando muita besteira aqui. Sempre essa família", teria dito um dos policiais em uma das operações, de acordo com o depoimento de uma testemunha.
Na rua onde Amarildo morava há uma boca-de-fumo. Traficantes circulam constantemente pelo local. Policiais afirmam que suspeitavam de participação do casal no tráfico. Até o fechamento desta edição, a assessoria do comando da UPP não havia se pronunciado.
Ontem, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que policiais da UPP da Rocinha são alvo de uma série de acusações feitas pelos moradores da favela. Em mais de 20 depoimentos prestados à Polícia Civil e ao Ministério Público, eles denunciam casos de agressões, tortura e ameaças envolvendo os policiais do programa, principal vitrine do governo Sérgio Cabral (PMDB).
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