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Crime

Família de morto confirma denúncias contra síndico

A família do bancário aposentado Sérgio Alaor Kluppel, 64 anos, assassinado na manhã de quinta-feira, em Curitiba, afirma que o autor do crime estaria desviando dinheiro do condomínio em que ambos moravam. Kluppel foi morto com dois tiros pelo síndico do edifício Barão de Cotegipe, no bairro Água Verde. A teoria dos familiares é de que ele foi morto por ter descoberto provas da irregularidade.

Depois de ter atirado em Kluppel, o síndico José Francisco da Fonseca Prestes, 58 anos, atirou duas vezes contra o próprio peito e teve de ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico. Ele deixou a UTI ontem.

Segundo a viúva, Maria Clarice Bauer, Prestes teria fraudado duas atas de assembléia-geral para prorrogar o mandato de síndico. Também há suspeitas de que ele teria falhado nas prestações de contas. "Ele dizia que tinha R$ 19 mil no fundo de reserva do condomínio para férias de empregados e 13.º Salário. Temos a informação de que tinha menos de R$ 50", diz.

Maria Clarice conta que a experiência do marido do tempo em que era bancário fez com que ele começasse a investigar. "A gota d’água foi quando o autor do crime viu que não conseguiria mais enganar as pessoas. Todos cobraram dele na assembléia da última terça-feira", afirma. Segundo ela, apesar da inimizade, os dois nunca chegaram a trocar ofensas. Como não estava em casa, ela não sabe porque o marido foi ao encontro de Prestes no salão de festas do prédio, onde aconteceu o crime. "Achei estranho ele ter descido, porque estávamos sentindo alguma coisa no ar. Eu já o tinha alertado." Kluppel já tinha sido síndico e era candidato na nova eleição.

A polícia segue investigando o caso. Nenhum dos quatro moradores intimados para depor compareceu ontem ao 2.° Distrito Policial. Todos se dizem muito abalados. No edifício, ninguém falou com a reportagem. A orientação dada aos funcionários é para que não comentem o assunto.

Prestes está em recuperação e segue vigiado por uma escolta policial. Ainda na quinta-feira, no hospital ele recebeu voz de prisão. A pena para crime de homicídio é de 8 a 20 anos de detenção. "Pode ser aberto novo inquérito policial sobre outros crimes. Precisamos saber o motivo. Para nós, é importante o depoimento dele", afirma a delegada Selma Braga.

A polícia apurou que a pistola 765, usada no homicídio, estava com o registro vencido. "O problema é a questão das armas que as pessoas têm. É muito delicado a pessoa ter arma de fogo em casa. Se não tivesse arma de fogo, não teria dois baleados", completa a delegada.

Prestes não possui antecedentes criminais. O advogado dele, Marden Esper Maués, irá aguardar o fim das investigações para se pronunciar.

Adeus

O corpo de Kluppel foi sepultado ontem às 11h30, no Cemitério Jardim da Saudade II, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Os familiares optaram por fazer a doação as córneas, que poderão devolver a visão a duas pessoas.

Para os filhos, o pai era exemplo de honestidade. "A própria circunstância da morte mostrou o que ele sempre defendeu como pessoa. Meu pai nunca se conformou com coisas erradas", afirma o engenheiro Fabiano Kluppel, 37 anos. "Vou lembrar do meu pai sempre alegre. Ensinou-nos a não mentir e a sermos honestos", completou o médico Cícero Kluppel, 42 anos. O aposentado deixou três filhos, a enteada e a esposa, Maria Clarice.

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