• Carregando...

Amigos e parentes do DJ Cleverson Guimarães Pinheiro, supostamente morto por policiais militares na última quinta-feira, fecharam no início da noite de ontem duas ruas do bairro Pilarzinho, em Curitiba. Foi o segundo protesto contra a morte do DJ, que tinha 26 anos. A manifestação reuniu cerca de 50 pessoas e pretendia chamar a atenção das autoridades. "Queremos que retirem a farda desses policiais", diz o amigo Rafael Lisboa, que presenciou o crime.

Segundo a família e amigos do DJ, tudo aconteceu no interior da casa de Pinheiro. De acordo com os relatos, quatro policiais chegaram por volta das 21h30 da quinta-feira. "Entraram e mandaram todos se deitarem no chão. Minha filha de seis anos, sem entender nada, se deitou também", conta uma amiga, que não quis se identificar.

Pinheiro teria sido algemado e espancado na frente da mulher e dos dois filhos, de 6 e 4 anos. "Eles pediam a droga e ele dizia que não tinha nada. Mesmo assim, continuavam batendo", acusa a mulher de Pinheiro, a babá Priscila Santos, 23 anos. Depois, o DJ teria sido levado até o quarto do casal, de onde se ouviu nova sessão de tortura. "Também subiram em cima das pernas da Priscila e das minhas, cantando um rap que dizia ‘Um porquinho saiu para passear, outro saiu... o terceiro é o policial que veio para te matar’", diz Lisboa.

"Ouvimos quando eles falaram que iam colocar duas sacolas e os gritos dele foram abafados", diz Priscila. "Foi então que eu me desesperei, me levantei e vi o policial tentando reanimar o Cleverson", lembra a babá. Um dos policiais teria ligado pedindo reforços, dizendo haver uma troca de tiros. A ambulância foi chamada, mas Pinheiro chegou ao hospital morto, insiste Priscila, impedida de seguir junto na ambulância. "O médico confirmou que ele foi morto por asfixia e espancamento", assegura.

Os policiais acusados passaram a exercer funções administrativas no 12.° Batalhão e um Inquérito Policial-Militar foi aberto. Na versão dos PMs, Pinheiro foi apontado por três usuários de drogas como o vendedor do entorpecente. Ele teria sido encontrado na rua, fugiu para casa e, alcançado, lutou com os policiais, quando teria perdido os sentidos. Os PMs apreenderam 200 gramas de maconha e uma arma de brinquedo. "Nunca teve droga nenhuma aqui e a arma era do vídeo-game", garante Priscila.

Até ontem, ninguém havia sido ouvido no inquérito. "Isolaram minha casa, toda revirada, mas até agora ninguém apareceu aqui para nada", diz Priscila. "Tem muita testemunha. O que queremos é justiça", completa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]