Matinhos - A família de Nariman Osman Chian, 21 anos, vai pedir a intervenção das autoridades brasileiras para fazer com que a brasileira e o filho de 5 anos consigam deixar o Líbano e retornar ao Brasil. Na semana passada, Nariman, que está grávida de quatro meses, tentou fugir da violência do marido, mas foi impedida de deixar o aeroporto de Beirute, na capital libanesa. "Precisamos do apoio dos políticos, da imprensa e de todo mundo", afirma Mahassen Chian, mãe de Nariman.
Segundo Mahassen, Nariman e o marido, Ahme Muhomed Ali-Holaihel, embarcaram para Beirute há um mês, depois de quatro anos morando em Matinhos, no litoral do Paraná. Durante esse período, o casal chegou a ficar um ano e meio separado por conta do comportamento do libanês. "Ele pediu muito para ela voltar, pediu nossa ajuda. Por algum tempo, depois dela aceitar voltar com ele, a atitude dele mudou. Mas era apenas fingimento."
Ao chegar ao Líbano, Ali-Holaihel teria voltado a tratar mal a esposa, passando a agredir Nariman e o filho. "Ele também ameaçou ela de morte", diz Mahassen, que é comerciante no litoral do estado.
Mahassen e o pai de Narimam, Osman Chiah, dizem que Ali-Holaihel responderia a três processos na Justiça Federal. "Enquanto esteve aqui, ele ia para o Paraguai e trazia muamba. Foi preso pela Polícia Federal três vezes. Por isso não pode voltar aqui. Mas minha filho e meu neto são brasileiros. Quero eles aqui."
Pendência judicial
O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, está acompanhando o caso de Nariman. O Itamaraty afirmou ontem que a proibição para a viagem de Nariman não teria relação com o grupo xiita Hezbollah, conforme a moça acreditava, mas seria em razão de uma pendência que a paranaense teria com a Justiça libanesa.
Além do entrave judicial não detalhado pelo Itamaraty sob a lei islâmica, por ser casada com o libanês Ahmad Holeihel, a brasileira seria impedida legalmente de sair do país com o filho sem a autorização do pai. O Ministério das Relações Exteriores afirma que o consulado brasileiro no Líbano está prestando todo o tipo de apoio à paranaense para as negociações com autoridades libanesas, enquanto o Itamaraty mantém contato com os pais da jovem no Brasil.
Enquanto isso, Nariman estaria tentando, com um advogado, reverter a decisão do tribunal de Justiça de Baalbek, mantendo-se, com o filho, nas dependências da organização não-governamental Kafa, que ajuda mulheres vítimas de violência doméstica.
Agressões
A família morava em Baalbek, no Vale do Bekaa, a 90 quilômetros de Beirute. Segundo Nariman, seu marido a espancava constantemente e a ameaçava de morte. Desde então ela e o filho teriam trocado de endereço algumas vezes para fugir da violência do pai.
Em entrevista por telefone ao ParanáTV 1ª Edição, da RPC TV, Nariman contou a dura rotina a que tem se submetido nos últimos dias. "Moro em Balbek (próximo a Beirute, capital libanesa), e para sair de lá liguei para o consulado. Eles mandaram um táxi para mim e fomos para a embaixada. Lá fizeram um passaporte novo para o meu filho, já que meu marido tinha rasgado o outro, e fomos para o aeroporto."
Mas, ao tentar embarcar, Nariman foi impedida pelas autoridades legais. "Chegando na Polícia Federal, houve um impedimento dizendo que meu marido tinha feito um papel de um tribunal que impedia nossa saída. Agora estou esperando que o advogado que o consulado me arrumou diga o que preciso fazer", explicou ao telejornal ParanáTV.
Transtornada, a brasileira faz um apelo a todos que possam ajudar. "Meu filho está mal, eu estou mal. Viemos outras vezes para cá, mas dessa vez foi ruim. Ele (o marido, Ahmad Holeihel) me encheu a cabeça dizendo que a vida estava boa e que seria maravilhoso. Mas chegando aqui, ele começou com as agressões", disse emocionada.
As declarações emocionaram a família que também mora em Matinhos. Os familiares disseram se sentir impotentes para ajudar Nariman.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora