É raro hoje profissionais da mesma família fazerem o mesmo curso na mesma instituição. Quase sempre, cada integrante de uma dinastia profissional é de uma universidade diferente. O atual curso de direito da Pontíficia Universidade Católica (PUC), porém, abriga ao mesmo tempo avô, pai e filho da mesma família – o primeiro e o último no 10.º período, o segundo, no 7.º.

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A saga da família Cardoso começou quando o avô, o policial militar aposentado Antônio Joaquim Cardoso, então com 63 anos, decidiu apoiar o neto Dyogo na escolha da profissão. Além de estimular o garoto, seu Antônio teria também a oportunidade de realizar o antigo sonho de se tornar advogado. Em 2001, ambos foram aprovados no vestibular e entraram na mesma turma. Menos de dois anos depois, empolgado com o desempenho do sogro e do filho, Edson Airton Mendes resolveu também se arriscar na empreitada: virou calouro de Antônio e Dyogo.

"É muito bom estudar com meu neto. Além de me incentivar, ele é uma boa companhia. E também tem amizade com a juventude. Assim eles acabam se ligando a mim também", relata seu Antônio. Ele conta que os três devem se dedicar à área penal. O objetivo é abrir um escritório para a família.

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Outro caso de vocação hereditária ocorre nas Faculdades Curitiba. O professor decano do curso e ex-presidente da seção paranaense da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB/PR), Mansur Teófilo Mansur, 72 anos, viu três dos cinco filhos se tornarem advogados – dois foram alunos dele mesmo na faculdade. "Sem falar em dois sobrinhos, filhos da minha irmã e uma sobrinha-neta, que é minha aluna hoje", acrescenta o professor, titular da cadeira de direito financeiro da instituição, onde entrou em 1968.

O velho mestre se diz gratificado por participar da formação dos descendentes. "Foi um privilégio acompanhar o crescimento deles tão de perto", resume. Mas Mansur sublinha que os laços não se traduziram em nenhuma facilidade aos filhos. "Ao contrário: em sala de aula eu ignorava a condição de pai ou tio", relembra.

A filha Maria Victoria Michelin Mansur, 24 anos, também demonstra orgulho em ter sido aluna do pai. "Além de pai, amigo e professor, foi ele quem entregou meu diploma na formatura. Foi muito emocionante", atesta.

Mas tal situação não é tão fácil para os filhos o quanto parece. "A pressão é maior, todo mundo cobrava muito mais", conta Maria Victoria. "As pessoas pensavam que eu teria algum privilégio por ser filha do professor, por ele ter sido presidente da Ordem, mas eu nunca fui privilegiada em nada". Na matéria do pai, então, Maria Victoria dobrava o esforço. "Eu achava que tinha essa obrigação. Cheguei a tirar dois dez e ainda fazia apostilas para todo mundo".

Já para o professor-coruja, o único sonho ainda a realizar é ver um dos filhos ocupando sua cadeira na universidade. "Por enquanto eles ainda não demonstraram muito interesse pelo magistério", provoca.

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