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Depois de mais de três meses carregando a casa praticamente dentro do carro, a família de Leila Galdeano, de 58 anos, conseguiu alugar, com a ajuda de amigos e parentes, um apartamento de temporada, em São Conrado. Ela é moradora do Edifício Canoas, no mesmo bairro. Desde 18 de maio deste ano — quando uma explosão na tubulação de gás matou o alemão Markus Muller —, cerca de 70 famílias, além da dela, tiveram de deixar o prédio. Leila, a filha Suzana Galdeano e o neto João, de 4 anos, então, passaram a migrar por vários endereços, mas sem um lugar fixo.

“O apartamento fica perto do colégio do meu neto. Os amigos se reuniram para ajudar com tudo, porque não tínhamos condições de pagar. A dona do imóvel também está sendo solidária. Ela não costumava alugá-lo por temporada. Mas resolveu abrir uma exceção”, conta Leila.

Segundo ela, o contrato é de três meses, renováveis. O apartamento, no entanto, não é mobiliado, e Leila terá que buscar eletrodomésticos e móveis no Canoas, que está sem energia elétrica e, portanto, com elevadores sem funcionar, desde a explosão de maio. Ela prevê ocupar o novo imóvel ainda esta semana.

Carro foi rebocado em blitz

Um alívio, sem dúvidas, diz Leila, principalmente porque nos últimos dias a situação da família tinha ficado ainda mais difícil. Na sexta-feira de tarde, ela seguia para deixar Suzana no trabalho, em São Conrado, quando teve o carro rebocado. Ela foi parada numa blitz da Polícia Militar, que verificou que o veículo, um Corsa Sedan, estava com a vistoria atrasada.

Conforme informou a Coluna Gente Boa nesta terça-feira, a família explicou a situação ao policial, que não se compadeceu e lacrou o veículo, mandado para um depósito a 39 quilômetros de São Conrado.

“Ele disse que estava que estava fazendo o trabalho dele e que não tinham pena. Mandou o carro para Fazenda Botafogo. Na sexta-feira mesmo comecei a me informar e tomar as medidas para recuperar o carro. Mas ainda não consegui”, relatou ela, justificando o motivo do reboque. “Santa ignorância a minha, que achei que no Rio não fosse mais obrigatório fazer a vistoria em carros novos”, disse Leila, contando que as vistorias estavam atrasadas desde 2013 e que precisará desembolsar cerca de R$1.500 para recuperar o veículo, que terá de ficar parado até a realização da vistoria.

Sem o carro e enquanto não se mudam, Leila e a família estão na casa de um sobrinho no Recreio dos Bandeirantes.

A explosão no prédio número 30 da Rua General Olímpio Mourão Filho, em São Conrado, aconteceu por volta das 5h30m. Além de Markus Muller, de 51 anos, outras três pessoas ficaram feridas. O alemão teve 50% do corpo queimado e morreu dez dias depois. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli concluíram que a explosão foi acidental. Desde então, as obras de reforma do prédio ainda não começaram.

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