Os pais do jovem Gilmar de Souza Yared – uma das vítimas do acidente provocado pelo ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, em 2009 – receberam com “indignação e lágrimas” a informação de que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o júri popular do acusado, que estava marcado para o fim de janeiro.
“Chega a ser humilhante, mas não vão nos calar. É como se jogassem gasolina no fogo. Isso me incendeia ainda mais. Nós não vamos deixar de lutar. Nós vamos deixar um legado para o esse país”, disse Christiane Yared.
“Nós recebemos isso com indignação e lágrimas. Nós ainda não conseguimos enterrar o nosso filho. Essa não é uma derrota parcial da nossa família, mas de toda a sociedade. A gente percebe que existe uma diferença: uns pagam por seus crimes, enquanto outros, que têm influência política, não pagam”, disse Gilmar Yared, pai de Gilmar de Souza Yared.
A família espera que o adiamento sirva para esclarecer uma das versões acerca do desastre: que Carli Filho estaria disputando um racha, quando atingiu o carro em que as vítimas trafegavam. Sem citar nomes, Gilmar Yared diz que uma pessoa ligada a um “político muito forte” teria participado do suposto racha.
“Acho que há um propósito para tudo isso, para que a gente venha a desvendar a outra parte [envolvida no desastre] que seria o outro carro. Há um político muito forte, que tem receio de que seu nome seja revelado e que está lutando muito fortemente para que a gente não esclareça quem seja o outro envolvido”, disse Yared.
O caso
O ex-deputado estadual é acusado de ter matado dois jovens – Gilmar de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida – em um acidente de trânsito em 2009, em Curitiba. Ele responde pelo crime de homicídio doloso eventual. Na época, um exame no hospital onde foi atendido mostrou que Carli Filho tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue do ex-deputado. Como o exame foi feito enquanto ele estava desacordado, já está desconsiderado pela Justiça.
Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) encontrou mais uma vez indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica, e confirmou seu júri popular. Posteriormente, o procedimento foi marcado para 21 e 22 de janeiro deste ano.
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