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Simulação feita pelo Instituto de Identificação mostra o engenheiro de barba longa e cabelos mais compridos | Polícia Civil
Simulação feita pelo Instituto de Identificação mostra o engenheiro de barba longa e cabelos mais compridos| Foto: Polícia Civil

Familiares de pessoas desaparecidas de todo o Brasil se mobilizam pela internet desde setembro para coletar assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular a ser apresentado ao Congresso Nacional. O objetivo é melhorar a estrutura de investigação de casos de pessoas desaparecidas. Segundo a página criada na internet, na noite desta segunda-feira (8), faltavam 1,4 milhão de assinaturas para que o projeto pudesse ser encaminhado aos deputados e senadores. Pouco mais de 490 pessoas aderiram à iniciativa.

No Paraná, uma das pessoas que contribuem para divulgar a ideia é Mirian Weiss Brandão, mulher do engenheiro Renato Brandão, que está desaparecido há um ano e um mês. A articulação se dá principalmente por meio de mídias sociais. A assinatura é feita virtualmente, pelo endereço eletrônico http://www.abaixoassinadobrasil.com.br/site/assine/.

Dentre as propostas do projeto de lei, estão a criação de delegacias especializadas em cidades com mais de 100 mil habitantes; a integração da troca de informações de pessoas desaparecidas em território nacional, com acesso a bancos de dados internacionais (da Interpol e do Sistema de Intercâmbio de Informações Sobre Segurança do Mercosul); e a desburocratização no rastreamento dos aparelhos celulares dos desaparecidos.

O projeto também propõe a veiculação de informações sobre as pessoas desaparecidas em veículos de comunicação e a responsabilização criminal de quem passar informações falsas à polícia sobre desaparecidos. "Com essas medidas, seria possível diminuir o número de pessoas desaparecidas e aumentar o número de pessoas que são reencontradas. Imagine quantos casos ocorrem e não se chega à mídia", avaliou Mirian.

Ativismo

O que move os familiares dos desaparecidos parece ser um sentimento comum de solidariedade e de esforço para que a dor vivenciada por eles não se repita em outras famílias. A autora da iniciativa do projeto popular é Sandra Moreno, cuja filha Ana Paula Moreno desapareceu em outubro de 2009, em Carapicuíba (SP).

"Sinto em mim a dor de todas as mães dos desaparecidos, uma dor que nos enfraquece, que é a dor da incapacidade. (...). Mesmo assim nós, mães de desaparecidos, lutamos, temos projetos, temos sonhos e acreditamos que podemos mudar. Sei que são muitas as barreiras, que nem sempre temos forças ou condições de continuar, mas não importa. O que importa mesmo é a força e a fé que tenho que nós todas vamos vencer esta guerra", disse Sandra, no texto do site.

Mirian pensa na mesma forma. Desde que Renato desapareceu, ela tem se tornado uma espécie de ativista, divulgando informações sobre outros casos e lutando para a ampliação da estrutura de investigação de desaparecidos.

Renato Brandão

Renato Moreira Brandão saiu de casa na manhã do dia 13 de setembro de 2011 para andar de bicicleta e não deu mais notícias. De acordo com Miriam, o marido levou somente a chave de casa, deixando documentos e celular em casa. Ele é autônomo e trabalhava em casa. A filha e a esposa dele estranharam a ausência de Brandão e entraram em contato com a polícia.

No dia 28 de setembro de 2011, uma bicicleta que poderia ser a de Renato Brandão foi encontrada às margens da Estrada da Graciosa. As últimas pistas davam conta de que o engenheiro poderia estar vivendo como andarilho no litoral catarinense (ele teria sido visto em Piçarras e Barra Velha). A polícia também fez buscas na região de Maringá, no Noroeste do estado, onde testemunhas afirmaram ter visto um homem com as características físicas semelhantes às de Renato Brandão.

À família, resta a esperança de que, em breve, ele possa ser encontrado. "Às vezes as pessoas têm alguma pista mas não repassam à polícia com medo de nos dar esperanças falsas. Mas são as esperanças que nos mantêm vivos", disse Mirian.

Informações podem ser repassadas à Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC) pelo telefone (41) 3815-3000.

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