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O presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho, disse que vai encaminhar nesta sexta-feira (15) uma carta ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, pedindo que as caixas pretas do avião que caiu no Oceano Atlântico há quase dois anos quando fazia o trajeto Rio-Paris sejam enviadas para os Estados Unidos, caso sejam recuperadas. Segundo ele, isso garantiria a isenção nas investigações.

Na semana passada, o governo francês anunciou a descoberta dos destroços do avião e de corpos ainda presos à fuselagem. Submarinos não tripulados ainda tentam localizar as caixas pretas, que podem indicar as causas do acidente, em que morreram todas as 228 pessoas a bordo.

Marinho está em Paris, onde participou na última segunda-feira de uma reunião com o secretário de Transportes da França, Thierry Mariani, para discutir o acesso às informações sobre o trabalho de resgate. Ele reclama que a França mantém em sigilo muitas das informações sobre o caso.

"Há um tratado internacional, que o Brasil é signatário, a França, a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos, que diz que a palavra final da investigação não é da França, não", disse Marinho. "Eles informam muito pouca coisa."

O presidente da associação afirmou que vai pedir na carta a Sarkozy que o presidente francês reveja a posição centralizada da França sobre as investigações. "Queremos que sejam mandadas [as caixas pretas] para os Estados Unidos, para análise, para garantir a isenção", declarou.

Içamento

Marinho disse que considera "fantasiosa" a possibilidade de o governo francês não resgatar os corpos encontrados presos à fuselagem do avião da Air France. "Eles estão em uma profundidade de 3,9 mil metros, a pressão é muito grande e pode causar danos [aos corpos], mas dizer que não vão trazer é uma versão fantasiosa", afirmou.

Reportagem publicada no site do jornal "O Estado de S. Paulo" na tarde desta quinta-feira informou que a Secretaria dos Transportes da França tinha dúvidas sobre a operação, devido à possibilidade de os corpos não resistirem ao içamento.

De acordo com ele, porém, na reunião da qual participou na segunda-feira, havia um cronograma para os trabalhos de resgate e em nenhum momento foi mencionada a possibilidade de os corpos não serem resgatados.

"Muito pelo contrário. Eles vão começar o trabalho em duas ou três semanas e continuar o trabalho até 15 de junho. Foi o quer disseram lá."

Segundo Marinho, os sentimentos dos familiares das vítimas "são variados" em relação ao resgate. "Alguns até achavam que deveriam ficar lá, mas nós sabemos quer não pode, por causa da lei", disse. "A maioria das famílias, pelo menos as brasileiras, querem finalizar a vida, querem ter um enterro, um local onde possam visitar, chorar."

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