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Crise Aérea

Familiares homenageiam vítimas

São Paulo – Os familiares das vítimas do acidente com o vôo 3054 da TAM fizeram ontem uma manifestação em homenagem aos 199 mortos na tragédia, que completa um mês. Cerca de 170 pessoas, segundo os organizadores, fizeram um minuto de silêncio em frente do balcão de check-in da companhia aérea, no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.

Enquanto os parentes prestavam a homenagem – de mãos dadas, em círculo, vestidos de branco e preto –, um anúncio de um vôo da Gol com destino ao Rio de Janeiro interrompeu o silêncio.

Os familiares continuaram com a homenagem rezando um pai-nosso, uma ave-maria e le-vantando cartazes e faixas com os dizeres "199 mortos, quantas vítimas?".

Em seguida, os familiares iniciaram uma caminhada até o local onde ficava o prédio da TAM Express, no qual o avião colidiu, e jogaram flores. O terreno foi desapropriado pela prefeitura e deve se tornar um memorial em homenagem às vítimas.

Punição

Os familiares voltaram a pedir a demissão e punição de dirigentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Infraero (estatal que administra os aeroportos). "Queremos punição criminal. Eles são co-autores de crimes hediondos. Alguém é responsável por colocar avião avariado no ar", disse Jair Cesário, se referindo ao reverso travado do avião.

"Estamos vendo ainda os reflexos do acidente com o avião da Gol. Até hoje eles (parentes) não têm respostas", disse Paula Fonseca Dias, mulher de Arthur Queiroz, uma das vítimas. Paula contou que fazia aniversário no dia do acidente e seu marido havia antecipado a volta de Porto Alegre para as comemorações. "Ele já tinha até mandado entregar um bolo em casa", completa.

Funcionários da TAM fizeram também uma homenagem silênciosa às vítimas. Na hora do almoço, eles deixaram seus postos, atravessaram a avenida que separa o aeroporto dos destroços da tragédia e jogaram flores brancas sobre eles.

Investigação

Em um mês, diversas hipóteses sobre as causas do acidente foram aventadas. Hoje, a mais forte é a de que o avião da TAM não freou devido a um erro no posicionamento dos manetes – o manete da turbina direita (que tinha o reversor inoperante e pinado) teria permanecido em ponto de alta aceleração.

Com o manete em posição de aceleração, o computador do avião teria sido levado a desativar o acionamento automático dos freios aerodinâmicos das asas, impedindo a frenagem e mantendo a aceleração. Os dados retirados da caixa-preta mostram que não houve defeito no sistema de frenagem automática. Também é investigada a possibilidade de o computador do avião ter lido incorretamente os comandados executados pelos pilotos.

Depois do acidente, a pista principal de Congonhas ficou fechada para exames periciais. Equipes da Polícia Federal retiraram blocos de asfalto e os encaminharam para exames. Há suspeitas de que a falta de "grooving" – ranhuras feitas no pavimento da pista que permitem o escoamento de água – tenha colaborado com o acidente.

Logo depois de ter a pista liberada pela PF, a Infraero iniciou as obras de aplicação do "grooving".

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