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Crise aérea

Familiares vivem das lembranças

Curitiba – Há exatamente um ano, o Brasil vivenciou o segundo maior desastre aéreo da história brasileira: o choque de um Boeing da Gol com um jato Legacy durante o vôo, o que causou a morte das 154 pessoas que estavam no avião da Gol. O tempo passou, mas os sentimentos das famílias das vítimas do vôo 1907 continuam os mesmos. Persistem a dor e o desejo de justiça. "É difícil continuar a vida sem a pessoa com quem você tinha tantos planos e sonhos", diz Angelita De Marchi, controller financeira de uma multinacional, que perdeu o marido, Plínio Luiz de Siqueira Júnior, aos 38 anos de idade.

Eles viviam juntos havia três anos e meio. Angelita conta que não tinham filhos, mas planejavam. Ela tem dois filhos de uma relação anterior e garante que eles também ficaram chocados com a morte de Plínio.

Para lidar melhor com a situação, Angelita decidiu se dedicar à Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 e lutar para que os culpados pelo acidente sejam punidos. Presidente da entidade que representa aproximadamente 50 famílias, ela explica que o objetivo é saber a verdade sobre o que aconteceu no dia 29 de setembro de 2006.

O acidente deixou pessoas desamparadas emocional e financeiramente. É o caso da jornalista Carolina Daher, 30 anos, que mora no Rio de Janeiro. Quando o marido Frederick Michel, 36 anos, morreu, ela havia acabado de pedir demissão para ir morar em Manaus, para onde ele havia sido transferido depois de uma promoção.

Carolina ficou sem emprego e com dois filhos: Larissa, na época com 8 anos, e André, que tinha um mês de vida. "O nosso padrão caiu avassaladoramente. Ele era um executivo e cuidava das despesas da casa. O meu salário era para as crianças e para as flores, como costumo dizer. De repente, me vi diante de milhares de contas que nem sabiam que existiam. Ainda estou aprendendo a ser gente grande sozinha."

Rosane Gutjhar, viúva do empresário Rolf Gutjhar, que mora em Curitiba, não ficou com problemas financeiros. Tanto que todo o seu esforço hoje não é por indenizações, mas para que os culpados pelo acidente sejam punidos. Eles estavam casados havia 23 anos quando Rolf, 50 anos, morreu e tinham uma filha com 4 anos na época.

Em julho deste ano, depois do acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ela falou sobre como são os primeiros dias após tragédias como estas da TAM e da Gol. Segundo Rosane, os primeiros momentos são de dor, incerteza e de falta de atenção da companhia aérea e das autoridades.

Depois do acidente, ela passou a dividir o seu tempo entre os cuidados com a filha e a luta pela punição dos pilotos norte-americanos do jato Legacy. A família tem uma empresa instalada em Manaus (AM), onde Rolf ficava de terça a sexta-feira, todas as semanas. Rosane voltou a trabalhar em março, mas ainda são os outros dois sócios que cuidam de tudo.

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