Ocupação irregular na zona norte: moradores terão até crachá| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A invasão em uma área de fundo de vale entre as ruas Theodoro Makiolka e Pedro Spilla, no bairro de Santa Cândida, zona norte de Curitiba, causa apreensão na vizinhança. Desde 28 de abril, sem-teto da região e famílias de Almirante Tamandaré, na região metropolitana, ocupam o terreno, que mede mais de 20 mil metros quadrados, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Atualmente, 16 famílias – cada uma com quatro pessoas, em média – estão no local. A fila de espera para ingressar na área tem cerca de 30 famílias.

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Segundo documento da prefeitura, o local é de propriedade de Rafael Ferreira Rezende, que, conforme a reportagem apurou, estaria morto há dez anos. A prefeitura informou que a Justiça negou a reintegração de posse da área. Ontem, um fiscal do Urbanismo esteve no terreno para verificar a disposição dos fios de alta tensão, já que é proibido construir sob as linhas de transmissão.

Para a representante comercial Ana Cristina Mendes, de 40 anos, moradora do bairro, a situação tem causado insegurança. A área foi cercada com tapumes e cercas de arame farpado. Só entra quem tem autorização. Diversas casas nas ruas vizinhas estão com placas de venda. "Não sabemos o que vai acontecer nem se é especulação imobiliária", diz Ana Cristina.

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A Força Verde esteve no local no dia 29 para apurar denúncia de corte de árvores nativas. O advogado das famílias, Glaucio Hecke, confirmou que dez pessoas foram autuadas em flagrante pela Delegacia do Meio Ambiente com multa de R$ 7 mil. Segundo ele, o prazo para entrar com recurso no IAP é de 20 dias.

Organização

Ao transpor o tapume, percebe-se o empenho do grupo em limpar o terreno e delimitar os lotes. A responsável pela organização é a assessora previdenciária Eliane Oliveira de Almeida, de 36 anos. Quem primeiro ocupou a área, há quatro meses, foram seus dois sobrinhos, convidados por um homem chamado Denílson – que se dizia advogado e que teria ganho a área em uma ação.

Segundo Eliane, Denílson tinha interesse em vender os terrenos da parte alta por R$ 15 mil. Mas ele teria sido preso por pendências judiciais, por isso não está mais na área, e as cobranças cessaram. "Quem está aqui é porque precisa, mas queremos tudo organizado e dentro da lei", diz a líder da ocupação. O local tem uma regra própria imposta por Eliane: nada de bebida, drogas e brigas. Quem for flagrado transgredindo a norma será expulso. Na semana que vem, os moradores começam a ser identificados por crachás.

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