O clima durante todo o dia, em frente à Penitenciária Estadual de Cascavel, foi de muita preocupação para os familiares de presos em busca de notícias sobre a rebelião, iniciada por volta das 7 horas deste domingo (24). Desesperados, muitos familiares choravam e imploravam por notícias. No período da tarde, eles fizeram uma roda de oração e com bíblias nas mãos pediram o fim da rebelião. O advogado Amarildo Horvath, da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Cascavel disse ter visto três corpos, mas que possivelmente havia mais mortos.
O pai de um dos detentos, que diz ser bacharel em Direito, afirmou que a situação pode se transformar em um novo Carandiru, em uma alusão aos 111 presos mortos em 1992 no antigo presídio paulista durante uma rebelião. "Eu sei que os agentes não respeitam os presos", afirmou.
Uma mulher, que também não se identificou, disse que o marido está dentro do presídio e que ela já lutou por melhorias enviando cartas à direção e procurando o juiz corregedor, mas nunca obteve resposta. "Eles estão sendo oprimidos lá dentro, não tem nem chuveiro. Eles não querem regalia, mas o mínimo de estabilidade", afirmou.
Um rapaz que se identificou como Ivan Portela disse que já esteve preso no local e afirmou que os agentes são extremamente agressivos. "Cansei de levar tapa na cara", contou. Segundo ele, um dia foi agredido e colocado isolado apenas por ter pedido um remédio quando estava doente.
O entra e sai de viaturas policiais no local deixou o local perigoso devido ao número de pessoas que se aglomeraram próximo ao acesso do presídio. Uma criança ficou ferida após um carro de cor prata, dirigido por um policial, passar sobre seu pé.
Sem respostas, os manifestantes decidiram trancar a rodovia BR-277 nas proximidades do presídio. Foram cerca de 40 minutos de tráfego interrompido formando filas nos dois sentidos da rodovia. Após negociações com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o trânsito foi liberado. No início da noite muitos familiares deixaram o local.