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Umuarama – O cortador de cana-de-açúcar Edson da Silva, 28 anos, acorda às 5 horas todos os dias, mas a mulher dele se levanta às 4 horas para preparar o almoço e o lanche da tarde. Às 5h30 ele embarca no ônibus que vai levá-lo à lavoura. O facão é afiado e começa a cortar as primeiras plantas às 7 horas, quando o dia ainda está clareando. Daí em diante, o esforço é para superar os limites do corpo e encerrar o dia, às 15h50, com uma média de 16 toneladas de cana cortadas, o que rende a ele uma média salarial de R$ 1,2 mil.

Edson Silva é um dos 1.900 cortadores de cana-de-açúcar da Usina de Açúcar Santa Terezinha, de Ivaté, na Região Noroeste do Paraná. Ele também é um dos campeões na quantidade de cana cortada diariamente. Trabalha sempre ao lado de outro campeão, Laudenir da Silva, 29 anos. Eles trabalham seis dias e folgam um. "Quando a gente chega em casa, tudo o que quer é descansar, mas no dia seguinte o corpo está pronto, de novo". Os trabalhadores só param uma hora para almoçar e meia hora para o café da tarde.

O calor de 40 graus e a jornada longa não afastam do canavial Valdivino Pereira Mendes, que no dia 30 de outubro vai completar 65 anos, 20 dos quais trabalhados em usinas. Junto estão cinco filhos e três noras. Um dos filhos, Edvaldo Pereira Mendes, 32 anos, corta cana ao lado da mulher Ana Paula Paiva, 24 anos. Casados há 11 anos, têm uma filha de 7 anos que fica com uma prima durante o dia. "A gente vai dar estudo para ela e torce para ter a sorte de arrumar um emprego melhor", comenta Edvaldo.

Ana Paula também é uma campeã e chega a cortar em média 14 toneladas por dia, o dobro de muitos homens. Com isso, ela e o marido ganham cerca de R$ 1,5 mil ao mês. "É puxado, mas não tem outra opção de emprego na região pra gente ganhar esse tanto". Depois de passar o dia na roça, o casal chega em casa e ainda cuida dos afazeres doméstico. "A gente divide as tarefas: um lava roupa, outro limpa a casa e faz comida".

O supervisor administrativo da Usaçucar, em Ivaté, Clayton Perin, designado pela empresa para acompanhar a reportagem, diz que a usina tem uma visão humanista e vai além da lei para garantir uma série de benefícios aos funcionários. A lista inclui 19 itens entre fornecimento de medicamento, uma dose de sorinho (energético) ao dia para cada trabalhador, convênio com creche e fornecimento de 250 casas só em Ivaté, onde o funcionário recebe a moradia em comodato e paga somente a água e luz. Em Ivaté, a Usaçucar não utiliza colheita mecânica e diz que enquanto existir mão-de-obra suficiente na região pretende manter os empregos.

Segundo Perin, a média salarial é de R$ 700, mas há quem ganhe R$ 1,6 mil ao mês. O piso da categoria é R$ 418. A maior parte dos trabalhadores é efetiva, segundo a empresa. Quando termina a colheita, eles vão trabalhar no plantio e limpeza das lavouras.

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