Belém – O canteiro de obras das eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, no Sudeste do Pará, foi invadido e ocupado desde a noite de segunda-feira por 500 moradores de comunidades e pescadores do entorno do lago da usina. Os manifestantes são ligados ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o mesmo que em maio passado ocupou por quatro dias a sala de controle e a casa de máquinas da hidrelétrica.

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Desta vez, os invasores tomaram máquinas e equipamentos dos operários da usina. O Exército, que está dentro da usina desde maio, reforçou a segurança no local. Os invasores informaram que a ocupação das eclusas é para cobrar das Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte) o aumento no valor da indenização oferecida às famílias para deixar a área onde as obras estão sendo realizadas.

Pagamento

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A Eletronorte calculou entre R$ 3 mil e R$ 5 mil o valor de cada casa e concorda em pagar um pouco mais, estabelecendo o limite máximo de R$ 8 mil por imóvel. A líder do MAB, Euvanice Furtado, afirmou que a proposta da empresa é "ridícula". O pedido inicial de indenização para cada família era de R$ 30 mil, mas, depois que os moradores passaram a ser obrigados a sair das casas pela Eletronorte, que alega precisar concluir logo as eclusas, o MAB decidiu dobrar o valor.

"Se quiserem tirar as famílias terão de pagar R$ 60 mil por imóvel. É um valor justo para quem vai recomeçar a vida do zero", justificou a organizadora do movimento. Como as partes ainda não chegaram a um acordo, os invasores decidiram paralisar as obras, impedindo caminhões e tratores de circular pelo canteiro das eclusas. A adesão ao protesto dobrou entre a noite de segunda-feira e a tarde de ontem, passando de 250 para 500 pessoas.

A maioria dos moradores é da área por onde passará um canal depois que as eclusas estiverem concluídas. Todos residem no local conhecido por Poeirão, no bairro da Matinha. Euvanice informou que as famílias não querem mais negociar a indenização com a Eletronorte ou com Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dnit). A conversa agora, segundo ela, será direta com a Casa Civil da presidência da República, pois é lá que será "garantida a verba para atender a população".