Depois de quatro dias acampados diante da Prefeitura do Rio, dois deles sob muita chuva, o grupo egresso da chamada Favela da Telerj, instalada num prédio abandonado da Oi na zona norte do Rio, começou a ser cadastrado ontem para possível auxílio-moradia.
O acordo entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e os desabrigados saiu depois de uma manhã tensa, em que a Avenida Presidente Vargas, em frente à Prefeitura, foi fechada num protesto. Segundo relatos de manifestantes, a Guarda Municipal e a PM reagiram com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, e crianças se sentiram mal.
Cerca de 500 pessoas estavam no acampamento. Até o início da noite de ontem, o cadastramento estava sendo feito num prédio da secretaria no Cachambi, na zona norte, para onde as pessoas foram levadas da Prefeitura em vans. Houve bastante confusão no embarque, uma vez que uma parte do grupo insistia para que os nomes fossem registrados na rua mesmo. Eles temiam que a desmobilização da ocupação enfraquecesse a pressão feita pelo grupo junto ao poder público.
Segundo os desabrigados, a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora nas comunidades (a maior parte é do Jacarezinho e Mandela, além de Manguinhos) e o consequente declínio da criminalidade fez com que os aluguéis subissem. Parte deles admite já ter um imóvel e estar tentando conseguir um para parentes; até líderes contaram que não são sem-teto.
De acordo com a secretaria, os dados das pessoas estão sendo anotados por um grupo de cem funcionários e depois serão cruzados com o Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, que resulta em benefícios para famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.
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