A resiliência de seu Luiz e dona Nair não é regra. Muitos avaliam a situação de União da Vitória com pessimismo. É o caso de Tereza Moura. Ela reside no ponto de confluência entre a água que sobe do rio e a que desce da cidade.
A inundação do ano passado não poupou nada: além dos móveis, a estrutura da casa foi bastante afetada. O piso dos cômodos da frente cedeu e afundou – do lado de fora dá para ver o vão que se formou entre a parede e o piso externo; e tudo aquilo que ficou resguardado no forro da casa acabou estragado pela umidade durante os quase 40 dias que a água levou para evaporar.
“O sofrimento aqui ainda não passou”, disse. Nesse cenário desolador, ela e o marido, Osvaldo, 73, expressam desconfiança em relação ao projeto que prevê transformar a faixa que separa o rio do bairro em parque e realocar as famílias que hoje residem em áreas de inundação. “Querem tirar a gente daqui e colocar em casinhas minúsculas. Dois dos meus filhos foram e se arrependeram, dizem que o bairro é violento. Não tem enchente, mas você fica refém dentro de casa. Agora enfrento a água, porque a casa não tenho como consertar e móveis não compro mais, mas o terreno é tudo o que me sobrou, não quero sair daqui”, desabafa.
O investimento na construção de equipamentos urbanos para o parque também não é aprovado. “Esse parque é para quem? Porque ninguém aqui vai usar”, dispara Tereza. No bairro Navegantes, vizinho do Ponte Nova, foram construídas quadras de esporte, uma pista de skate e um quiosque, mas o cenário é de abandono. Segundo moradores do bairro, poucos usufruem da estrutura, que tem sido alvo de vandalismo.
Espera
Enquanto algumas famílias relutam em aceitar os termos de realocação propostos pela prefeitura, outras aguardam ansiosas pela oportunidade de deixar para trás a rotina de inundações.
“Já fiz o cadastro cinco vezes e nunca fui contemplado. Gostaria de sair do bairro. Ninguém imagina o que é deitar a cabeça no travesseiro e, assim que escutar o primeiro pingo de chuva, ficar apavorado porque a água vai invadir sua casa e não há o que fazer”, conta Marcos Paulo Martins, 39 anos. Ele mora no bairro Limeira, região cortada por um pequeno afluente do Iguaçu.
Por lá, dezenas de famílias viram suas casas afogadas pela enchente do ano passado e engrossam o coro de Martins: querem sair da área de inundação. Mas, diante da falta de perspectivas, os moradores se viram como podem para evitar a água – alguns abriram mão de janelas e garagens e simplesmente fecharam as aberturas com tijolos e cimento.
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