Algumas famílias que moram no bairro do Menin, na zona rural de Bragança Paulista, a 85 km da capital, ainda resistem em deixar suas residências apesar do risco de inundação provocado pelo aumento da vazão no Rio Jaguari, anunciado pela Sabesp na noite de segunda-feira. No início da tarde desta terça-feira (18), pessoas mantinham a rotina sem se preocupar com eventuais alagamentos.
A dona de casa Jucelina da Cunha, de 31 anos, que mora com o marido e os três filhos em uma casa ameaçada, afirmou que espera o nível do rio subir ainda mais para deixar o local. "Estou esperando o rio encher mais. Quando chegar bem próximo da casa, a gente sai", disse.
Quando questionada se ela não acreditava no alerta feito pela prefeitura, a moradora afirmou: "Não acredito nem desacredito". Com as chuvas da semana passada, o nível do rio subiu e ela chegou a perder animais que criava em seu quintal. "Perdi galinha e a horta que eu cultivava", disse.
Apesar do aumento no nível do rio, a irmã de Jucelina Cunha, a também dona de casa Marta da Cunha, de 32 anos, também resistia em deixar a casa em que mora com o marido e os quatro filhos. Ela colocava roupas no varal quando a reportagem chegou e afirmou que também espera o nível do Jaguari subir ainda mais. "Não dá para duvidar que ele vai subir, mas acho que não vai chegar à minha casa", declarou.
No ano passado, na mesma época do ano, as famílias das donas de casa tiveram que deixar as suas propriedades. "Só o meu marido que não quis deixar a casa", disse Jucelina Cunha.
A Defesa Civil e o Serviço de Emergências da prefeitura do município começaram a alertar por meio de boletins divulgados pela rádio local cerca de 50 famílias sobre os riscos de inundação. O aumento no volume de água despejada no rio, de 60 m³/s para 80m³/s, começou às 7h desta terça, de acordo com informações da Sabesp. De acordo com a chefe da divisão emergencial de Bragança Paulista, Rosimara Barbosa, o nível de água subiu nas últimas horas.
Algumas casas no bairro do Menin estão vazias. "Nessa manhã não precisamos fazer o deslocamento de nenhuma família. Eles tomaram conhecimento da situação do rio e foram para casa de amigos e parentes", disse Barbosa. "Pelo que conheço dos moradores que estão no Menin, eles devem pedir ajuda apenas mais tarde, quando a água já estiver chegando bem perto da casa deles", disse.
A prefeitura organizou dois abrigos na cidade, que já contavam com cerca de 50 pessoas desde a semana passada. A capacidade do alojamento de Águas Claras foi ampliada. A prefeitura informou que aprovou nesta terça o aluguel social para famílias atingidas pelas chuvas que moravam em residência própria e estão desabrigadas. Serão pagos R$ 600.
Até as 14h, a prefeitura não tinha o número de famílias que deixaram suas casas nem quais delas serão beneficiadas pelo aluguel social.