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Maus-tratos

Famílias vão a abrigo para adotar menina agredida por procuradora

Rio de Janeiro - O abrigo na zona sul do Rio de Janeiro onde está a menina de 2 anos que teria sido torturada pela procuradora aposentada Vera Lúcia de Sant'Anna Gomes vem sendo procurado por famílias que demonstram interesse em adotar a criança. A menina, no entanto, continua muito abalada. Ela está em tratamento psicológico e sob cuidados médicos e não pode receber visitas. Ela estava sob a guarda de Vera Lúcia, que pretendia adotá-la.

"Temos de fazer tudo com muita paciência, no tempo da menina. O que ela precisa agora é de carinho. Vamos aguardar até que ela demonstre estar bem'', disse a juíza Katerine Jatahy Kitsos, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso. Segundo a juíza, o caso é o mais grave que o Juizado da Infância já registrou na cidade. "Essa situação é absolutamente isolada, totalmente fora da regra. Nós acompanhamos todas as adoções e nunca houve nada parecido."

A menina foi abandonada três vezes antes de ir para a casa da procuradora, no dia 14 de março. Quando tinha 6 meses, em janeiro de 2008, foi abandonada na casa de desconhecidos, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e levada para um abrigo. Seis meses depois, sua mãe biológica recuperou a filha.

Em fevereiro de 2009 a criança foi mais uma vez abandonada, desta vez na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Ela ficou durante dois meses aos cuidados de uma família da região. Durante esse período, a mãe a visitou duas vezes. Mais uma vez a mãe recuperou a guarda para pouco depois deixar a criança com desconhecidos no Morro Azul, no Flamengo, e novamente ela foi resgatada pelo Conselho Tutelar e encaminhada para adoção.

Prisão

Depois de se apresentar à Justiça na quinta-feira, Vera Lúcia Gomes passou a noite em uma cela individual especial, para quem tem nível superior, no Presídio Nelson Hungria, no conjunto penitenciário de Bangu. Ela estava foragida havia oito dias. A prisão foi decretada no dia 5 de maio pelo juiz da 32.ª Vara Criminal do Rio, Guilherme Schilling Pollo Duarte. Ao se apresentar, a procuradora chorou ao ouvir o juiz Guilherme Duarte ler os autos do processo em que é acusada.

Ainda na tarde de quinta-feira, a defesa pediu a revogação da detenção, mas o juiz negou. Para ele, a soltura pode prejudicar a colheita de provas. Jair Leite Pereira, advogado da acusada, disse que espera obter "pelo menos" a prisão domiciliar e fez ontem um novo requerimento à Justiça. Pereira reafirmou que a cliente nega as acusações. Em gravações de áudio entregues à polícia, a suspeita chama a criança de "maluca" e de "vaca" enquanto obriga que ela coma. Fotos anexadas ao inquérito mostram lesões nos olhos da menina.

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