Quem planeja viajar nestas férias poderá ter de enfrentar, mais uma vez, o caos nos aeroportos brasileiros. A ameaça do apagão aéreo é sustentada pelo presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Gelson Fochesato. Os motivos, segundo ele, são o número insuficiente de profissionais e a estrutura deficitária nos terminais.
Já a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e as empresas aéreas consideram a hipótese remota. Elas informam que já tomaram as providências necessárias para evitar que os turistas tenham mais um período de férias tumultuado. No dia 22 de novembro, a Anac e as companhias acordaram a disponibilização de aeronaves reservas, aumento de equipes de atendimento e incentivo ao check-in pela internet, entre outras medidas, para afastar o risco de colapso.
Desde o início do ano, o Sindicato Nacional dos Aeronautas vem alertando as companhias e a Anac para a necessidade de contratação de funcionários. "Sempre advertimos também para que eles providenciem mais espaços nos aeroportos e vagas nos estacionamentos", diz o comandante Fochesato.
Apesar dos avisos, ele diz que pouco foi feito e a tendência é de que a operação padrão, desencadeada nesta semana, seja apontada, em breve, como causa dos transtornos que estão por vir. "As empresas estão dificultando as negociações, pois, como acontecerá essa crise, elas querem alguém para culpar", diz.
Para o diretor do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Cláudio Chagas, nos próximos dias os efeitos da operação padrão serão sentidos pelos passageiros. "Não queremos gerar transtorno, mas sim que o trabalhador demonstre a sua insatisfação." Os trabalhadores pediram reajuste de 15% nos vencimentos, mas as empresas só ofereceram 5,4%. "Eles só fizeram a proposta de cobrir a inflação do período e alteração da data base do mês de abril, o que para nós é um absurdo, pois eles têm quase 30% de ganho e não querem repassar quase nada aos trabalhadores."
Há três dias sem conseguir comprar uma passagem aérea para Cuiabá, o professor Cícero Bezerra afirma que já está sendo vítima do caos aéreo. "Dá para contar nos dedos quantos aeroportos oferecem uma boa estrutura no Brasil." Sem data prevista para chegar ao trabalho, ele lamenta as condições dos aeroportos. "Só Deus sabe quando vou conseguir chegar ao meu destino", reclamava na sexta-feira.
Já o engenheiro agrônomo Vinicius Grasseli se considera sortudo. Sempre viajando a serviço, ele afirma que nunca enfrentou problema de cancelamento. "Até agora nunca aconteceu comigo, não tenho receio de viajar".
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