Faz uma semana que a pedagoga Vera Lúcia Daros Bussyguin liga todas as manhãs para a sede da Farmácia Especial da 2.ª Regional de Saúde, em Curitiba, mantida pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), para saber se as doses de insulina glargina que seu filho, Gregório Antônio, de 7 anos, deve usar todos os dias já chegaram ao estoque. A resposta é sempre negativa.
"Há dois anos descobri que o Gregório é diabético e fiquei sabendo que o governo era obrigado a dar os medicamentos para as pessoas que sofrem com essa doença, mas nos últimos meses está quase impossível. Em abril, peguei apenas uma caneta de insulina [Gregório precisa usar três mensalmente] e me prometeram que, em maio, pegaria as duas que faltaram mais as três que tenho direito. Até agora, nada", relata.
E a presidente da Associação Paranaense de Diabéticos (Apad), Maria Izabel Martins, garante: o caso de Vera Lúcia e Gregório não é o único. "Há alguns meses, é uma avalanche de telefonemas de pessoas falando que procuraram as farmácias e não conseguiram medicação e insulina. Há até reclamações de que nem as fitas para serem usadas no glicosímetro [aparelho que mede a glicose no sangue] são oferecidas na quantidade adequada", diz.
Maria Izabel comenta que, pelas reclamações recebidas, o problema não está acontecendo só em Curitiba, mas em todo o Paraná. "A Associação dos Diabéticos de Foz do Iguaçu entrou em contato para dizer que pretendia propor uma ação coletiva contra o governo por causa dessa falta de medicamentos."
Outro lado
O chefe da Regional de Saúde de Curitiba, Matheus Chomatas, explica que, no momento, realmente faltam alguns tipos de insulina nas Farmácias Especiais de todo o Paraná. "Houve um atraso no processo de compra, o que afetou a nossa reserva de produtos a serem distribuídos, mas a previsão é que nessa semana tudo esteja normalizado."
No caso da insulina glargina, a Farmácia Especial não conta com unidades do produto à disposição em Curitiba. Quanto aos outros tipos de insulina, segundo Chomatas, o estoque está reduzido, mas o órgão tenta contornar o problema. "Se o paciente precisa de quatro embalagens, oferecemos a metade e pedimos que aguarde para receber o restante em alguns dias."
Sobre o problema com as fitas para glicosímetro, Chomatas explica que isso se deve a um problema comum na hora de planejar a compra de produtos. "Muitas vezes, o médico pede que, durante o tratamento, o paciente faça o controle da glicose mais vezes que o habitual e nós não temos como prever esse aumento, então só conseguimos regularizar a situação no mês seguinte", diz.
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