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Com um rádio na mão e um chapéu repleto de broches de aeroclubes, o empresário Florêncio Barlera, vice-presidente do Graciosa Ultraleve Clube do Paraná, fez contagem regressiva até que o relógio marcasse 16h45 na tarde de ontem.

Afinal, há 100 anos, neste horário exato, Alberto Santos Dumont fazia em Paris o primeiro vôo mecânico tripulado da história, a bordo do 14-Bis. Para comemorar e lembrar o feito, dezenas de fãs do aeromodelismo se reuniram na sede do Graciosa, em Piraquara. "Nem parece segunda-feira. O mais preocupado chegou no meio da tarde. Mas tem gente aqui desde a hora do almoço", brincou Barlera.

Fábio Luiz Almeida, instrutor de vôo do Graciosa, dedica-se nas horas vagas a montar uma réplica do Demoiselle, o avião com o qual Dumont conseguiu voar por mais tempo. "Estou utilizando bambú e seda japonesa, assim como no Demoiselle original", explica.

"É um vício nosso mesmo. O meu começou quando eu tinha seis anos e fui morar em frente ao aeroporto de Maringá. Aos 14 anos, eu e um amigo, filho do dono de uma oficina, esperávamos o hangar ficar vazio para entrar nos aviões e taxiar pela pista", lembra Barlera.

Ele e outros apaixonados Brasil afora buscam um recorde. Colocar no ar o maior número possível de aeronaves ao mesmo tempo. "Vamos fazer as notificações de vôo e comunicar ao DAC (Departamento de aviação Civil). Queremos entrar no Guiness [o livro dos recordes]." Segundo Barlera, aeroclubes do Brasil todo vão participar da iniciativa.

Pai da Aviação

Em Foz do Iguaçu, as comemorações pelo centenário do primeiro vôo do 14-Bis exaltaram outras façanhas do Pai da Aviação. Um vôo de ultraleve sobre as Cataratas do Iguaçu lembrou o papel importante que Santos Dumont teve junto às autoridades políticas, chamando a atenção para o potencial turístico da região.

Durante sua passagem pela cidade, ainda chamada de Vila Iguaçu, em 1916, o aviador se encantou com a beleza das quedas d’água e, segundo relatos, teria iniciado um movimento para que a área, de propriedade de um fazendeiro, fosse desapropriada e aberta à visitação pública.

Ousado, apoiando-se em um tronco preso a algumas pedras na parte superior das cataratas, teria dito ao preocupado anfitrião que o conduziu até próximo das quedas: "As alturas não me perturbam, não se preocupe!" Admirado com a beleza das águas, Dumont avançou sobre a tora e com os braços cruzados permaneceu contemplando a paisagem hoje visitada por milhares de turistas todos os anos.

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