Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Santa Tereza do Oeste

Fazenda da Syngenta só deve ser desocupada depois de conclusão de colheita

Apenas cinco das 70 famílias da Via Campesina que estão acampadas na fazenda da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, na região de Cascavel, deixaram a propriedade nesta quarta-feira (11) - segundo dia do processo de desocupação. O dia foi de colheita de mandioca - plantada pelos sem-terra durante a invasão. Os acampados só devem de fato deixar a fazenda depois de concluir todo o trabalho de colheita - o que pode acontecer até segunda-feira.

O prazo para desocupação total da área, estipulado pelo juiz Fabrício Priotto Mussi, da 1.ª Vara Cível da Comarca de Cascavel, venceu às 23h59 desta terça-feira. Para tentar agilizar a saída dos invasores, Mussi fixou uma multa de R$ 2 mil a ser paga pelo governador Roberto Requião (PMDB) para cada dia de descumprimento da ordem de reintegração de posse. O juiz, assim como na terça-feira, não comentou a desocupação nem se a multa será incidida.

Nesta quinta-feira, Mussi deve comentar o caso. Ele deve analisar o pedido feito pela Via Campesina que solicita o prazo de oito dias para deixar a fazenda. Nesta quarta, um pedido semelhante foi feito pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) - a idéia da PGE é assegurar o prazo de que os sem-terra necessitam para concluir a colheita.

"Isso (pedido da PGE) só vem confirmar o comprometimento que o governo do Paraná tem com esta ação criminosa dos sem-terra", disse a advogada Rogéria Dotti, que representa a Syngenta no processo. "Se o juiz deferir estes pedidos (da PGE e da Via Campesina), vamos recorrer ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR)", completou. Sobre a multa ao governador, Rogéria reafirmou que no entendimento da empresa, a ordem para desocupação não foi cumprida. "Eles ainda estão lá, mesmo depois do prazo dado pela justiça", completou.

Um dos líderes regionais da Via Campesina, Jonas Gomes de Queiroz, explicou o motivo do prazo para a retirada de todas as famílias. "É a subsistência de nossas famílias", argumentou.

No TJ-PR tramitam sete processos referentes à desocupação da fazenda Syngenta - as partes são as mesmas: a empresa e o MST. Cinco destes processos devem ser analisados na próxima sessão da 17.ª Câmara Cível do TJ, marcada para dia 25 deste mês. Outra ação que corre no TJ é o recurso impetrado pelos advogados de Requião pedindo a suspensão da multa de R$ 2 mil. O recurso ainda não foi julgado.

Histórico

A Syngenta foi tomada pelos sem-terra em 14 de março de 2006. A empresa conseguiu a reintegração de posse poucas semanas depois, mas a ordem não foi cumprida. A empresa então obteve, em outubro de 2006, liminar estipulando um prazo de 15 dias para que fosse executada a ordem de reintegração, sob pena de multa diária de R$ 50 mil ao estado.

No final do prazo, dia 8 de novembro, os sem-terra abandonaram a área depois de uma negociação com a Polícia Militar. Mas acamparam às margens da rodovia, ao lado do acesso da fazenda. Dois dias depois, o governo do estado baixou decreto de desapropriação da área e os sem-terra voltaram a ocupar a fazenda, tendo permanecido na área até agora. O decreto foi derrubado pelo TJ neste ano.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.