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Fazenda virtual vira febre nas redes sociais

Déborah e Eduardo: jogo no computador com moderação | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Déborah e Eduardo: jogo no computador com moderação (Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo)

A nova febre de redes sociais da internet são as fazendas virtuais. Cuidar de animais, colher frutos e manter a propriedade protegida de invasores têm levado muita gente a passar horas conectada. Não são apenas crianças e jovens que ficam envolvidos pela dinâmica do jogo – tem muito adulto preocupado em ordenhar vaca e colher berinjelas eletrônicas por aí. São quase 10 milhões de usuários do Colheita Feliz no Orkut (a principal rede social no Brasil) e pouco mais de 73 milhões de participantes do FarmVille no Facebook (mais popular em outros países) – uma população total equivalente a da Alemanha. Entretanto, diante da brincadeira, o vício pode se tornar um problema entre os jogadores.A lógica dos jogos é basicamente a mesma: plantar frutos e criar animais para vender a produção e crescer no jogo – seja em experiência, popularidade ou riqueza. Para isso, a estratégia de cada um é o que conta, nem que seja necessário invadir a propriedade dos amigos para se beneficiar de alguns frutos ou ovos, ajudar a regar as plantações ou empesteá-las. O jogador escolhe se quer ser vilão, mocinho ou as duas coisas.Para dar início a uma criação de animais ou a um novo plantio, é preciso ir às compras gastando dinheiro virtual. Contudo, os reais também podem ser investidos – ou torrados –, já que alguns bens cibernéticos só podem ser adquiridos com um outro tipo de moeda eletrônica que precisa ser cambiada (R$ 10 equivalem a 100 "moedas verdes" no Colheita Feliz, o mais popular entre os brasileiros). "Não sei até quando vou conseguir ficar sem comprar Moedas Verdes. Quero comprar um cachorro e mais terras" conta a costureira Telma Maciel de Souza, de 47 anos. Ela não resistiu ao ver os sobrinhos jogarem e entrou na onda.

Para o educador Tiago Go­­mes, especialista em tecnologia educativa, esse tipo de jogo pode trazer benefícios para o desenvolvimento da criança. "É um jogo de administração de recursos. A criança pode aprender a controlar gastos, administrar tempo e dinheiro", comenta. Entretanto, Gomes também aponta o benefício social do jogo como a principal vantagem. "Nesses jogos você depende do seu grupo social para jogar. Se não tem amigos, não consegue realizar as atividades", acrescenta. São jogos que se popularizaram a partir do ano 2000, com o aumento das redes sociais e a propagação da banda larga.

Há três meses, a professora Bárbara Karolyne Morais, de 24 anos, montou sua fazenda no Colheita Feliz. Ela acredita que o jogo é um bom começo para que as crianças da cidade tenham um primeiro contato e se interessem pelo maio rural. "Eles pedem para ter seu próprio plantio. Querem passar a experiência do virtual para a realidade e já têm noção de que demora para uma planta crescer", comenta Bárbara, que deseja comprar um pavão em breve para lucrar com a venda das penas. "Você aprende com o jogo a cuidar de uma plantação. Se você não tem muito contato com isso, você aprende", avalia Eduardo Figueiroa, de 13 anos, jogador do Colheita Feliz desde o começo deste mês.

A dinâmica do jogo faz com que o participante acesse sua fazenda e as dos outros várias vezes ao dia. Para que outros não roubem o leite da vaca, por exemplo, o dono deve estar pronto para recolher o balde 7h30 depois de ter alimentado o bicho. "É uma coisa que envolve. Eu acordo a qualquer hora para roubar dos outros", revela Telma. A costureira diz que joga sete vezes por dia durante períodos de até 45 minutos – cerca de cinco horas por dia.

"Eu acordava 6 horas e ligava o computador antes de ir para a escola para não correr o risco que me roubassem", conta Ana Cláudia Schleder, 12 anos. Ela lembra que chegou a ter um caderno para anotar o horário que precisava invadir a propriedade dos amigos para roubar parte da produção de cada um. "Eu colocava despertador para lembrar o que eu precisava fazer", diz. Ana reduziu o número de acessos depois que os pais começaram a interferir e acharam um meio de deixá-la incomodada. "Passaram a me provocar, me chamando de Menina da Colheita", conta.

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Interatividade

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