Passados quase nove anos da ocorrência da chacina de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que resultou na morte de cinco sem terra e ferimentos a bala em outros 12, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy começou a ser julgado nesta quinta-feira (10), em Belo Horizonte.

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Cerca de 250 sem terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acompanham o julgamento no fórum da cidade, sendo 150 dentro do Tribunal do Júri e o restante em vigília em uma das portarias do prédio.

Chafik está sendo julgado com Washington Agostinho da Silva, seu capataz. O fazendeiro é suspeito de ser o mandante dos crimes, do qual também teria participado diretamente, segundo a acusação do Ministério Público. O crime ocorreu em 20 de novembro de 2004. O fazendeiro, contudo, nega premeditação do crime e diz que atirou para se defender.

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Outros dois réus tiveram os seus processos desmembrados. O juiz Glauco Fernandes acatou o pedido por entender serem os processos complexos. E como outros dez réus serão julgados posteriormente, ele não viu problemas.

O julgamento teve início por volta das 10h, e somente duas testemunhas foram ouvidas pela manhã, uma da acusação e outra da defesa. Todas as outras foram dispensadas. No fim da noite de hoje ou começo da madrugada de sexta-feira (11) a sentença deverá ser dada.

Pela defesa depôs o fazendeiro José Aílton Botelho, que acusou os sem terra de roubar e matar gado da fazenda de Chafik.

Pela acusação depôs Wilton Soares Ribeiro, um dos coordenadores do MST em Felisburgo, que disse que o fazendeiro vivia ameaçando os sem terra e que pessoas ligadas a ele chegaram a disparar tiros contra um veículo do acampamento.

O MST invadiu a propriedade por ela ter sido considerada área devoluta do Estado pela Justiça. Por esse motivo o Incra demarcou as glebas em favor dos sem terra.Foi após essa demarcação que ocorreu o ataque ao acampamento. Além dos disparos de armas de fogo, 27 casas e a escola dos filhos dos sem terra foram incendiadas. Entre os feridos a bala estava uma criança.

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A acusação do Ministério Público aponta que Chafik reuniu 14 homens, que passaram a ameaçar os assentados e cometeram o crime. O promotor Christiano Leonardo se referiu ao crime como "massacre".

A expressão foi repudiada pelo advogado de defesa Sérgio Habib, que pediu ao juiz que o termo não fosse aceito. "Massacre é expressão altamente subjetiva", disse o advogado. O pedido foi negado pelo magistrado. "O promotor vai usar a expressão que ele quiser", disse Glauco Fernandes.