Cruzeiro do Oeste – O dono das fazendas Urupês e Amália, em Cruzeiro do Oeste, Antônio Sestito, afirmou ontem que não pretende negociar as propriedades com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para o assentamento dos sem-terra acampados na sede das áreas desde o dia 12 de junho passado. A Secretaria Estadual de Segurança suspendeu, no fim de semana, o plano de reintegração de posse, atendendo ao pedido do Incra, que, por meio de ofício, manifestou interesse em desapropriar as fazendas que medem 1,7 mil hectares.

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O fazendeiro ficou indignado com a situação. Segundo ele, as fazendas, adquiridas nas décadas de 50 e 60, são produtivas e fazem parte da história da família na região. Ele nega qualquer contato feito com o Incra nos últimos anos, mas, por outro lado, diz não temer uma onda de ocupações na região, caso as fazendas sejam transformadas em assentamentos.

Sextito contou ainda que, em 2004, um grupo de corretores tentou negociar as áreas com o Incra, mas não chegou a ser formalizada uma proposta de venda. "Já se passaram dois anos e agora a realidade é outra. Tudo o que quero é a retirada dos sem-terra", diz.

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O Incra informou, por meio da assessoria de imprensa, que o processo para a compra das áreas está tramitando, mas houve atraso porque o proprietário não fez a ratificação na documentação dos lotes até 2003, conforme exigia a lei. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) no acampamento, Anderson Kenor, informou que a notícia sobre a suspensão na ordem de reintegração de posse deve acalmar os ânimos na região, onde tiros seriam disparados contra os barracos com freqüência e um sem-terra foi baleado no braço na semana passada. A partir de agora, segundo ele, os sem-terra querem começar o plantio de lavouras para o sustento das 200 famílias acampadas.

O dono da área diz que os disparos são feitos pelos próprios sem-terra.

Ele afirma ainda que o prejuízo com a presença dos trabalhadores sem-terra na sede das fazendas já chega a R$ 200 mil.