Pela primeira vez desde o início do século XX, quando a febre amarela chegou ao Brasil, casos da doença começam a ser registrados no litoral, em áreas de Mata Atlântica. Na década de 1960, a área de risco para a febre amarela se inverteu e as regiões Norte e Centro-Oeste do país se tornavam áreas de recomendação de vacinação para o Ministério da Saúde. Com o número de casos chegando a 292 desde janeiro – o maior surto desde a década de 80 –, e com 39 casos registrados no Espírito Santo e quatro em São Paulo, percebe-se um novo avanço pelo litoral. Com uma extensa área de Mata, o Paraná está perto dos estados que já registram pessoas com a doença, apesar de não registrar nenhum caso da doença desde 2008, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR).
De acordo com o professor especialista em imunologia da PUCPR, Sérgio Surugi, a chance do Paraná entrar para lista de estados com casos da doença existe, mas só um descaso das autoridades de saúde poderia causar a doença do estado. “Mesmo com o avanço da doença pelo Espírito Santo, é possível fazer o bloqueio da febre amarela com vacinação”, explica. “Hoje há um grande número de vacinas disponíveis e uma grande capacidade de aumentar a produção, até mesmo no Brasil. Só um grande descaso das autoridades poderia fazer com que a doença avance”, afirmou.
Atualmente, o Paraná está vacinando apenas pessoas que vão para áreas de risco. A Sesa informou que realiza o monitoramento e acompanha constantemente as situações relacionadas à febre amarela. A pasta ainda informa que não é possível afirmar se a doença chegará ao estado ou não, mas que segue a recomendação do Ministério da Saúde sobre a vacinação.
Vacinação é chave
Diferente da dengue, que o aumento de casos varia de acordo com as condições climáticas, a febre amarela só foi registrada em sua forma silvestre, onde os insetos transmissores têm criadouros naturais. “O Aedes aegypti depende de água acumulada na área urbana. Já os insetos que transmitem a febre amarela silvestre estão na mata, que é um ecossistema mais estável”, explicou Surugi.
Apesar disso, a febre amarela também tem uma vertente urbana, que pode ser transmitida pelo Aedes aegypti. Uma das formas de impedir que a variedade da doença volte a aparecer em centros urbanos e manter a população vacinada.
Para o professor da PUCPR, a chance da febre amarela urbana retornar ou de uma epidemia se instalar é remota, já que a grande capacidade de vacinação é capaz de reduzir os dados. “A Organização Mundial da Saúde recomenda uma dose da vacina. Os brasileiros são vacinados duas vezes. O importante é manter a imunização para quem viajar às áreas de risco”, destacou.