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Segurança

Fechamento das delegacias à noite expõe cidadãos e policiais

 | Sossella
(Foto: Sossella)

O assassinato do investigador Dirceu Antônio Zorek, 48 anos, ocorrido na noite de terça-feira quando ele abria o portão do 11.º Distrito Policial (DP), em Curitiba, para prestar atendimento a um casal que pedia ajuda (ler texto ao lado), mostra que a determinação da Divisão Policial da Capital (CPC) de não haver expediente nas delegacias após as 18 horas não é um incômodo só à população. Enquanto o cidadão é obrigado a ir para um dos dois Centros Integrados de Atendimento (Ciac) em funcionamento – no 1.° DP, no Centro, ou no 8.° DP, no Portão (o do 3.º DP, nas Mercês, está em reforma) – para prestar queixa após as 18 horas, os policiais estão vulneráveis, pois geralmente apenas um agente fica de plantão.

Conforme relataram policiais civis, ontem, no enterro de Zorek, eles enfrentam um impasse: se prestam atendimento, como Zorek, descumprem uma ordem superior e se expõem ao risco; se não atendem, ficam suscetíveis a penalizações, já que seria comum cidadãos e mesmo delegados reclamarem da falta de atendimento à Corregedoria da Polícia Civil. "Está difícil trabalhar assim. Como um policial vai deixar de ajudar a alguém que bate na porta da delegacia pedindo socorro?", questiona um investigador que prefere não ser identificado.

Já o cidadão que vai prestar queixa em uma delegacia após as 18 horas tem de contar com a boa vontade do plantonista. A pessoa tem de esperar o atendimento em frente a portões com grades e se identificar por interfones que nem sempre funcionam – como o da 11.° DP, onde Zorek foi até o portão porque o aparelho está quebrado.

A reportagem percorreu seis delegacias na noite de sexta-feira passada e constatou esta situação. Algumas estavam com pouca luminosidade. No 12.º DP, em Santa Felicidade, além de interfone, câmeras de segurança e grades, há um papel colado no muro que informa que boletins de ocorrência só são feitos nos dias úteis, das 9 às 18 horas, e que após esse horário e nos fins de semana e feriados o plantão é no 1.º e 8.º distritos.

Sobrecarga

O não-atendimento após as 18 horas também provoca sobrecarga de trabalho. A reportagem foi sexta-feira ao Ciac do 8.º DP, às 23 horas, onde o delegado Carlos Mastronardi fazia plantão. O delegado contou que cumpriu expediente no 13.º DP, no Tatuquara, até as 18 horas, passou em casa, no Cajuru, para tomar banho, foi dar plantão no Ciac até as 7 horas e teria de voltar ao 13.º DP porque o subdelegado se aposentou, não foi substituído e não há revezamento na escala.

No Ciac onde o delegado dava plantão há seis computadores. "Só não há gente suficiente. Também temos viaturas e combustível", comenta.

Junto com o delegado, dois investigadores e dois escrivães, que também trabalham no 13.º DP e com a mesma carga de trabalho, cumpriam plantão para atender, em média, 30 ocorrências por noite. "Não quero criticar ninguém, mas é complicado porque não está funcionando. O atendimento centralizado pode ser bom, mas precisamos de estrutura", argumenta o delegado.

Viabilidade

O secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, diz que a centralização no atendimento é viável. "Os Ciacs estão localizados em bairros estratégicos, justamente para atender toda a cidade em horários especiais."

Quanto à segurança dos policiais de plantão, Delazari explica que a função da Polícia Civil não é fazer o trabalho preventivo e ostensivo. "Esta ação se reserva à Polícia Militar. A Polícia Civil é para investigar. Como o efetivo durante à noite é reduzido, até mesmo porque reduz a procura pelas delegacias, é necessário zelar pela integridade física dos funcionários."

Quanto à denúncia de que os casos não atendidos após as 18 horas estão sendo relatados à Corregedoria, a assesoria de imprensa da secretaria informa que nenhum policial é punido por cumprir a determinação.

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