A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) emitiu uma nota de repúdio ao ato antissemita cometido por seis alunos da Beacon School contra um colega judeu, de 15 anos, recém matriculado na instituição.
A Beacon School é uma escola bilíngue que fica na zona Oeste de São Paulo e cobra cerca de R$ 8 mil reais de mensalidade por aluno. O caso foi noticiado nesta segunda-feira (11) pelo jornal Metrópoles.
Seis alunos fizeram desenhos de suásticas para destacar a presença de um judeu na sala e reproduziram o hino da juventude Hitlerista. Os agressores também fizeram a saudação nazista.
Abalado, o jovem judeu comunicou a situação aos pais, que cobraram uma atitude do colégio.
Os agressores foram suspensos por dois dias. Em seguida, o colégio enviou uma nota aos pais dizendo ter dado início a um “processo responsável e cuidadoso de apuração dos fatos”.
Em nota ao Metrópoles, a escola repudiou os atos e disse ter adotado “uma série de medidas, incluindo o afastamento dos alunos agressores e acolhimento à família afetada".
De acordo com o presidente da Fisesp, Marcos Knobel, "não se pode fechar os olhos para fatos como o que ocorreu no colégio”
“É lamentável que jovens mantenham vivo um preconceito que dizimou milhões de seres humanos. Já passou da hora do mundo agir para que o antissemitismo deixe de existir. Estamos atentos ao caso", completou Knobel.
Knobel também destacou que denúncias de antissemitismo registradas no Departamento de Segurança Comunitária (DSC) da Fisesp aumentaram consideravelmente.
"Atos antissemitas vêm crescendo no Brasil em maior escala desde o ataque do Hamas a Gaza em 7 de outubro de 2023. Outro pico também ocorreu após a polêmica e injusta fala do presidente Lula sobre o Holocausto, em fevereiro. As denúncias registradas abrangem ofensas nas redes sociais, grupos de trabalho no Whatsapp e ocorrências em escolas e universidades", concluiu.
Confira a nota da Fisesp na íntegra.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo, tão logo soube das acusações de antissemitismo realizadas por alunos da Beacon School, entrou em contato tanto com os pais do aluno que sofreu os atos, bem como com a direção da escola, que prontamente se colocou à disposição em colaborar.
A Beacon School, por intermédio de sua mais alta direção, vai investigar todos os fatos e se comprometeu junto à Fisesp a uma rigorosa apuração e a tomar medidas cabíveis aos alunos infratores, além de ações socioeducativas para sua comunidade de alunos e pais.
Não se tolerará que atitudes antissemitas sejam aceitas no âmbito escolar, bem como na sociedade como um todo. Estamos e estaremos sempre vigilantes na defesa de nossa comunidade judaica e agindo pelo bem-estar de todos.
O que diz a Beacon School
Procurada pela Gazeta do Povo, a Beacon School disse que "está investigando cuidadosamente os fatos, para que as sanções sejam aplicadas de forma responsável".
"Além disso, a escola ampliará o foco, já presente em seu
projeto pedagógico, de formação contra qualquer ação discriminatória, envolvendo também as famílias da comunidade escolar e convidando-as a compor um Grupo de Trabalho (GT) com foco em formação de combate ao antissemitismo, a exemplo do que já realiza com o GT antirracista", diz um trecho da nota enviada à Gazeta pelo colégio.
"A Beacon School reitera que repudia veemente toda e qualquer manifestação de ódio e destaca a sua firme posição contra qualquer forma de discriminação, tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar, seja ela relacionada à nacionalidade, etnia, religião, raça, gênero
ou quaisquer outros aspectos. A Beacon reitera o compromisso de atuar com celeridade diante de qualquer situação discriminatória, apurando os fatos em detalhe e com firmeza, aplicando as sanções cabíveis, incentivando sempre a reflexão para estimular a aprendizagem com o objetivo de formar cidadãos éticos, conscientes e comprometidos com a construção de uma
sociedade mais pacífica e igualitária", diz outro trecho da nota.
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