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A Prefeitura de Niterói (RJ) firmou uma parceria com o Instituto Vero, comandado pelo youtuber Felipe Neto, e o Instituto E se Fosse Você?, da ex-deputada federal e ex-candidata à vice-presidência da República Manuela D’ávila (PCdoB), para a realização de um projeto educativo de "combate às fake news". Segundo nota divulgada pela prefeitura de Niterói, com a parceria, os dois institutos desenvolverão atividades voltadas a professores e alunos da rede municipal de ensino. A princípio, o intuito seria “a promoção de um uso mais consciente dos recursos digitais e de internet como um todo”.
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De acordo com a nota, as ações serão custeadas por recursos privados captados pelos dois institutos. No texto, a assessoria de imprensa da prefeitura não comentou sobre a possível interferência dos posicionamentos políticos de Felipe Neto e Manuela d'Ávila nos treinamentos a professores e alunos, enfatizando apenas que a parceria foi firmada com os dois institutos e não com pessoas físicas.
Nas redes sociais, o secretário de Educação de Niterói, Vinicius Wu, comemorou a parceria chamando o projeto de “pioneiro de combate à desinformação e fake news a partir das escolas”. Além disso, ele explicou que o projeto será voltado à formação para a cidadania digital e o combate à desinformação, ao discurso de ódio e à intolerância na rede. “A ideia é formar e proporcionar informações aos nossos estudantes e suas famílias para um uso mais consciente dos recursos digitais e da internet como um todo”, explicou.
Ainda na postagem, o secretário disse que a iniciativa vai dar “efetividade” à Lei Municipal de Combate às Fake News, sancionada pelo prefeito Axel Grael em janeiro deste ano. Entre os itens da lei, há a previsão de promoção de palestras e seminários de conscientização nas escolas públicas municipais e órgãos da administração pública direta ou indireta. Também está prevista na legislação a constituição de convênios com outros municípios com o Estado, órgãos ou entidades públicas, para promoção das políticas públicas de enfrentamento à disseminação de informações falsas. Mas não há menção a parcerias com entidades privadas.
"Alfabetização digital"
Por meio das redes sociais, Manuela d’Ávila disse que a parceria será para “implementar um programa educativo de combate às notícias falsas nas redes e nos celulares”. Segundo ela, o objetivo é de ”promover a alfabetização e o letramento digital, tornando acessível as tecnologias e as informações do meio digital e oportunizando inclusão digital”.
Já Felipe Neto, conhecido pela promoção de valores progressistas e de esquerda nas redes sociais, enfatizou que o projeto poderá ser estendido a outras cidades. “Nossa ideia é que o Brasil se torne exemplo de educação digital. Se começarmos desde a infância, ensinando nas escolas como utilizar a internet de forma SEGURA: - Não caindo em fake news - Pesquisando fontes de td info [sic] - Não entrando em grupos de ódio Nós podemos mudar o futuro”, escreveu em sua conta do Twitter.
Logo depois, o youtuber aproveitou para provocar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL): “Vi q vc ficou chateado q nós vamos começar um projeto em Niterói de enfrentamento a fake-news nas escolas. É q nós precisamos ajudar a proteger a sociedade de pessoas como você”, postou. Eduardo Bolsonaro compartilhou uma mensagem do vereador em Niterói, Douglas Gomes (PTC), criticando o projeto. Gomes disse estranhar a parceria e que iria trabalhar para barrar "essa aberração".
Quem também criticou a iniciativa foi o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Esse é o primeiro projeto de Felipe Neto como ‘educador’. Felipe Neto é patrocinado por empresas de Lemann”, argumentou. Mais adiante, na sua conta pessoal no Twitter, ele disse que “Felipe Neto foi escolhido pelo mecanismo para ser o novo Paulo Freire. Sem luta, a ‘educação’ do SEU FILHO e de SEU NETO irá piorar muito”. As duas postagens de Weintraub foram curtidas por cerca de 10 mil usuários da rede.
Institutos
Desde que foi criado por Felipe Neto, o Instituto Vero se apresenta como um grupo de “pesquisadores e influenciadores digitais comprometidos com a proteção da democracia". Além disso, a entidade trabalharia para a "promoção do discurso online e a construção de soluções para o combate à desinformação”. O objetivo do instituto seria o de “estabelecer um ambiente digital saudável para o desenvolvimento individual e coletivo”. A missão da entidade é destacada como sendo a de “assegurar o protagonismo da sociedade brasileira no desenvolvimento de ciclos informativos saudáveis e sustentáveis”.
Já o Instituto E se Fosse Você?, criado em 2018, após as eleições presidenciais nas quais a fundadora da entidade, Manuela d’Ávila foi candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). Em sua página oficial, a entidade diz pretender “resgatar a ideia básica de empatia através da criação de conteúdo de combate a fake news e ódio nas redes”. Posteriormente, em 2020, o instituto começou a trabalhar também com a questão de gênero para “construir um feminismo popular”.