“E se andássemos todas juntas”, questionou-se a jornalista Babi Souza, quando percebeu, certa noite, que caminhava sozinha por uma praça de Porto Alegre, assim como outras mulheres. Foi a partir disso, que Babi criou o movimento “Vamos Juntas?”, que incentiva que as mulheres apoiem umas às outras por meio de uma atitude simples, mas que pode evitar situações de violência: caminhando juntas.
A iniciativa de Babi, representada por uma página no Facebook, já conta com adeptas em todo o país e em países vizinhos: além das mais de 332 mil curtidas e diversos relatos na própria página ou utilizando a hashtag #vamosjuntas, há páginas internacionais – Vamos Juntas? Argentina e Vamos Juntas? Peru, por exemplo. Com isso, a ideia de “ir juntas” ganhou um significado ainda maior: apoio mútuo entre mulheres - a chamada sororidade, como meio de garantir a segurança não só nas ruas, mas em todos os âmbitos da vida, e de questionar o machismo presente na sociedade.
“Quando vamos contra o machismo somos atingidas com mais força ainda por ele. Mas quando estamos juntas, percebemos que não somos as únicas que queremos uma sociedade menos sexista ou que não queremos andar na rua com medo da violência de gênero e isso empodera. Assim, a gente tem mais força e convicção para seguir em busca de uma sociedade menos sexista.”, diz Babi.
O movimento criado por Babi, que já virou livro e logo deve originar um aplicativo, não é a única iniciativa “popular” para evitar e denunciar os assédios sofridos por mulheres diariamente.
Além de fazer uma pesquisa que revelou que 98% das entrevistadas já havia sofrido algum tipo de assédio na rua e promover a campanha “Chega de Fiu-Fiu”, o projeto Think Olga fez um mapa colaborativo em que as mulheres denunciam locais em que sofreram assédio.
Iniciativa semelhante é o aplicativo “Sai Pra Lá”, da estudante paulista Catharina Doria: cada assédio sofrido, independentemente da natureza, pode ser marcado no mapa. Segundo a descrição do app, o objetivo é, além de mapear os atos de violência, mostrar para as mulheres onde eles acontecem com mais frequência e pressionar os órgãos responsáveis para garantir maior segurança nesses locais.
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No âmbito dos aplicativos e dispositivos tecnológicos, uma das apostas para evitar assédios e atos de violência contra a mulher é o bom e velho alarme. O aplicativo americano Circle of 6, criado para combater a violência sexual dentro dos câmpus universitários, permite que a usuária cadastre seis contatos que serão facilmente acionados em caso de perigo, enviando também a localização da pessoa.
O dispositivo Athena, cujo sistema conta com um pequeno botão que pode ser acoplado à bolsa e um aplicativo, também foi desenvolvido pela Roar For Good com o objetivo de proteger mulheres. Assim que o botão for acionado, ele emite um alarme (que pode ser silencioso) e manda uma mensagem com a localização da vítima a contatos selecionados para que eles a ajudem. O Athena deve ser disponibilizado ao mercado no segundo semestre de 2016.
Tanto o Circle of 6 quanto o Athena foram desenvolvidos por equipes lideradas por mulheres.