Há três meses em operação, o primeiro programa gratuito de fertilização in vitro do Paraná foi oficialmente lançado ontem no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com um custo de R$ 150 para a paciente (apenas o custo da medicação), casais inférteis e com dificuldades financeiras podem voltar a sonhar em ter um filho. Para 25 mil casais do estado, a fertilização in vitro é a única maneira para gerar uma criança.
Os 50 casais cadastrados no programa comemoram a iniciativa. Em uma clínica particular, a fertilização e a medicação custariam cerca de R$ 7 mil. "Procurei tratamento pago, mas o custo é muito alto. Esse programa é uma esperança para muitos casais", diz a vendedora Sueli Schuta, 33 anos. Após três gestações sem sucesso, ela foi a primeira inscrita no tratamento. Grávida há três meses, a criança se chamará Cristiano ou Ana Maria.
Outras três gestações já foram confirmadas, dos 18 tratamentos realizados. Apesar da grande procura que o tratamento poderá registrar, a equipe do Serviço de Reprodução Humana do HC irá atender até dez casais por mês. O motivo é que nem todo o tratamento acontece no hospital. "Pretendemos no futuro instituir no HC o serviço completo, mas a pedra inicial está lançada", afirma o chefe do Serviço e diretor do Centro Paranaense de Fertilidade, Karam Abou Saab.
Parceria
Responsável pelo nascimento do primeiro bebê de proveta do Paraná, Saab iniciou o programa por parceria do HC com o Centro Paranaense. Enquanto as consultas e exames são feitos no hospital, o processo laboratorial de fertilização acontece no centro, por doação de casais já tratados e colaboração da equipe médica, que não cobra honorários. "É uma sensação de poder devolver à sociedade alguma coisa que ela me deu. Me formei na UFPR e tenho mais duas filhas que estudam na instituição", diz Saab.
Além da gratuidade, o programa se destaca por utilizar técnica inovadora. No tratamento convencional, são necessários de 10 a 20 óvulos e as doses de medicamentos são altas. Na técnica simplificada, única no Brasil, bastam de 3 a 4 óvulos para a fertilização e baixa dosagem de medicamentos. A chance de gêmeos é de 10%.
O tratamento é indicado quando o homem apresenta baixo número de espermatozóides ou a mulher tem problemas nas trompas ou endometriose (doença em que pedaços do endométrio, tecido do útero que recebe o óvulo fecundado, são expulsos na menstruação e se instalam em outras partes do organismo, como estômago e pulmão). "Tantas mulheres não têm condições de saúde e financeiras e vão fazer o quê? Toda mulher sonha em ter um filho", opina a autônoma Alexandra da Silva, 34 anos, que fará exame quinta-feira para saber se está grávida. "Corremos atrás do tratamento e está ocorrendo tudo certo", diz o marido, Sandro Pinheiro Barata.
Serviço: Interessados em participar do programa devem ligar para (41) 9915-8554, em horário comercial. Para a seleção dos pacientes serão levados em conta idade, estabilidade matrimonial, filhos deste e outros relacionamentos, condições de saúde, avaliação psicológica, condição socioeconômica e escolaridade.