Assim que o arcebispo de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, e seus bispos auxiliares deram, ontem à noite, a bênção final na missa solene em honra de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba, os fiéis que lotaram a Catedral Basílica se levantaram para buscar os lírios que enfeitavam a imagem da Virgem retirada extraordinariamente do altar principal.
Ao contrário de anos anteriores, não houve a tradicional procissão de velas em louvor à Virgem, mas a coroação - uma tradição católica extra-litúrgica. "A coroação é o reconhecimento de Nossa Senhora como rainha do céu, rainha da paz", explicou o pároco da Catedral Basílica, padre Pedro Vilson Alves de Souza Filho.
Para a massoterapeuta Tânia Westarb, que há um mês mora em Curitiba, a Virgem representa um alívio e uma tranqüilidade em tempos de desentendimento entre os homens. "Ela é a grande discípula de Jesus e a principal intermediária para se chegar a Cristo. É como o ditado: pedindo à mãe, o filho faz."
A coroação foi o ponto alto de um dia todo de louvor a Nossa Senhora. Da missa das 8h30, até a coroação, realizada por volta das 19 horas, os fiéis oraram e mantiveram vigília pela Mãe de Deus. As homenagens à padroeira tiveram início na terça-feira, com o tríduo preparatório. Em dias comuns, Nossa Senhora é celebrada na novena das 15 horas.
O dia 8 de setembro é comemorado na Igreja Católica, há cerca de 13 séculos, como a festa da Natividade de Nossa Senhora, celebração com a qual o dia de Nossa Senhora da Luz coincide. As razões da escolha da data são desconhecidas. Segundo uma lenda francesa, um homem ouviu um coro de anjos e, ao perguntar o motivo, soube que eles cantavam porque Maria teria nascido naquele dia.
Diz outra lenda que a imagem de Nossa Senhora da Luz, em cuja honra os bandeirantes haviam erguido uma ermida às margens do Rio Atuba, tinha os olhos sempre voltados para os campos que os índios chamavam de Curitiba. Os sertanejos resolveram ver o que havia no local, que hoje é a Praça Tiradentes, marco-zero da cidade.